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NOVA VISITA AO ZOO DE LISBOA - O LINCE IBÉRICO


O LINCE IBÉRICO NO ZOO DE LISBOA


Confesso, que fiquei surpreso com a notícia. Porém, tenho que louvar a iniciativa. Dado que se tratam de dois exemplares, que infelizmente, já não podem participar no programa de reprodução da espécie.
Azahar e Gamma é um dos casais mais importantes do Lince Ibérico, neste momento. São eles os embaixadores da boa-vontade na protecção do felino mais ameaçado do Planeta. Uma missão que se torna fundamental antes que seja tarde de mais. A divulgação e sensibilização da população para a ameaça de extinção desta espécie, é um processo educativo que deveria ser transversal a toda a sociedade ibérica. Não pode de forma nenhuma ser, apenas uma intervenção do Jardim Zoológico de Lisboa, do ICNF-Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e do CNRLI-Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico de Silves ou do Centro de Reprodução de La Olivilla em Espanha. Esta é uma tarefa de todos aqueles que acreditam num planeta mais equilibrado, mais justo e mais livre.
Azahar, que só consegui vê-la pelos monitores de observação, é uma das fêmeas fundadoras do programa de reprodução em Silves, desde Janeiro de 2005, e que acompanho há alguns anos. Quis a infelicidade para esta espécie, que este exemplar magnífico desenvolve-se um problema de saúde ao nível reprodutor com uma disfunção de gestação, que a impediu de prosseguir o seu envolvimento na reprodução da espécie. Azahar é o espécime de maior referencia do programa Ex-Situ. Foi o primeiro exemplar vinda da condição selvagem para o projecto em 2005, e em 2009 fundadora do CNRLI em Silves. Ajudando num melhor conhecimento e acompanhamento da biologia desta espécie. Infelizmente nunca conseguiu gerar descendência, foi esterilizada e operada para remoção do útero, mas os seus óvulos estão congelados para uma posterior inseminação numa fêmea disponível. Já me tinha referido a este extraordinário exemplar num dos meus artigos sobre o Lince Ibérico.
Tal, como Gamma (na FOTOS), o macho oriundo de La Olivilla, que sofre desde muito novo de episódios congénitos de epilépsia. E por este motivo, o seu gene para procriação elevava o risco para esta espécie. Têm perto de 6 anos de diferença, visto que Gamma nasceu em 2010 e é ainda um jovem macho.

Este papel do casal de Linces, hoje no nosso Zoo, vêm revestir o forte empenho que está a ser feito pelas organizações envolvidas (com uma intervenção do Estado que não me convence de todo). Junto deste projecto, também a integração em "liberdade" de três casais, no nosso território tem sido noticia. Fui e continuo a ser muito céptico a este processo. Penso que deveria ter sido melhor elaborado, medidas todas as eventualidades de segurança e protecção ou acompanhamento nesta fase inicial e tão decisiva para este arriscado objectivo. Se por um lado, sonho com este fim, por outro temo não estarem ainda reunidas as condições ideais para soltar 6 exemplares num espaço tão curto de tempo. É para mim; contraproducente... por mais avaliadas e monitorizadas que estejam as situações, mas em fim. Tenho a minha própria concepção sobre como deveria correr este projecto. E o resultado claro, por muito que não estejam esclarecidas as causas, está tragicamente à vista, com a descoberta recente do cadáver de uma das fêmeas; "Kayakweru". Reintroduzida na região de Mértola a 7 de Fevereiro num cercado para adaptação e libertada perto de vinte dias depois como está estipulado pelo programa. Esta fêmea nascida em Silves, junto com o macho "Kempo" proveniente de Doñana em Espanha, juntaram-se a "Katmandu" e a "Jacarandá". Todavia, parece não ser um problema porque a "responsável" pelo ICNF vem dizer que é normal os linces ibéricos morrerem, seja por natalidade seja por outro tipo morte. Como tal, lava-se a mãos como Pilatos, e olha-se para o lado. O que não convêm, olhar demasiado, para os nossos vizinhos, porque aí a tragédia já ganhou proporções inaceitáveis, com a morte "normal" de duas dezenas de linces atropelados em 2014. Se 2013 já tinha sido um ano preocupante com 20 linces encontrados mortos, 14 deles por atropelamento, duplicando os números de 2012, no que se refere animais mortos atropelados. Então é aconselhável olhar estes números e as condições de subsistência e sobrevivência, antes de tomarmos decisões sem os verdadeiros fundamentos credíveis. Porque com isto, perdem-se assim códigos genéticos, crescimento da população na natureza com a morte de machos e fêmeas quase em número igual, e um programa que leva a pensar e a reequacionar o projecto de reintrodução da espécie, sem prever ou contemplar medidas alternativas e de estudos de impacto ou maiores sinergias financeiras e políticas. 
Tudo isto, tem um relevo enorme quando falamos de menos de 350 espécimes existentes em todo o mundo.



 E tendo em conta que 2014, não foi um ano tão benéfico como se gostaria, no que respeita ao nascimento de crias nos centros de reprodução. Das 36 crias nascidas, um terço acabou por falecer... após o nascimento e no período critico já bem conhecido de luta entre irmãos. Quer dizer, que somente 24 crias foram viáveis. Pelo menos, de acordo com os dados que obtive. É francamente, abaixo do espectável e em paralelo com 2013. Isto, se pensarmos que foram 18 as fêmeas emparelhadas no decorrer da última época de acasalamento.



Por isso entendo, que este programa do Lince Ibérico no Jardim Zoológico de Lisboa, poderá ser determinante para que este problema se possa tornar uma discussão nacional e pública. Com mais, maiores e melhores iniciativas de divulgação da espécie: que um dia já foi um ex-libris da Fauna Nacional.

1 comentário:

  1. Muito bom este artigo! Queria divulgar a nossa existência - Projecto Lynx - que trabalha melhor para criar mais e melhores iniciativas de divulgação da espécie :) Somos pequenos, mas iremos crescer!

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