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SUDAN, O ÚLTIMO MACHO DO NORTE


SUDAN,
RINOCERONTE-BRANCO-DO-NORTE 
O ÚLTIMO GUERREIRO


A notícia marca já o ano de 2018, em termos de conservacionismo. Dia 20 de Março, terça-feira, por acaso o dia do Pai, chega-nos a informação (noticiada na televisão, o que nem sempre é comum) a morte de SUDAN; o último macho sobrevivente da subespécie Rinoceronte-branco-do-norte (Ceratotherium simum cottoni). Subespécie registada em 1908, pelo naturalista inglês Richard Lyddeker (1849/1915). Com o estatuto do IUCN de CR – Em Perigo Critico, apesar de ser certo que terá de mudar para EW – Extinto na Natureza. Tinha 45 anos e vivia no Quénia, numa reserva do Projecto de Conservação de Ol Pejeta, que fica situada a cerca de 250 km de Nairobi. Sudan (Sudão, numa referência ao País de onde era originário) nasceu em liberdade em 1973, capturado com dois anos, viveu no Zoo Checo de Dvur Kralove até 2009, quando foi transferido com um macho e duas fêmeas para a referida reserva, após terem sido dados como extintos na natureza.
   

Hoje restam apenas dois exemplares: duas fêmeas, Najin (de 27 anos, filha de Sudan) e Fatu (de 17 anos, neta de Sudan). A referência que fiz ao dia do Pai, é apenas pela curiosidade que Sudan não deixou nenhum macho na sua descendência. O anterior macho que existia, Suni, morreu a 18 de Outubro de 2014, encontrado morto na reserva onde vivia com os outros exemplares vivos, aparentemente a sua morte foi considerada devido a causas naturais, tinha 34 anos e nascera no Jardim Zoológico da republica Checa. Pouco menos de 2 meses depois, no Zoo de San Diego, a 18 de Dezembro de 2014, morria o outro macho: Angalifu, também ele nascido em liberdade e com 34 anos. Um ano depois, em 22 de Novembro de 2015, morria Nola, uma fêmea que vivia também no Safari Park de San Diego, com 41 anos, capturada no Sudão com apenas um ano. Infelizmente, as tentativas de reprodução e de acasalamento com as únicas duas fêmeas existentes nunca se concretizaram com êxito. Najin e Suni eram irmãos, filhos da mesma progenitora: Nasima, que nascera no Uganda e morreu em 1992 com 27 anos (com Sudan teve duas crias fêmeas: Najin e Nabire; que morreu a 27 de Julho de 2015 com 31 anos … aliás 4 das 5 crias desta subespécie nascidas em cativeiro eram seus descendentes). Desde 2017, que corria uma petição para angariar cerca de 8,5 milhões para um tratamento de fertilização.


Sudan (como as outras fêmeas) era vigiado 24 horas por dia, por guardas florestais armados, desde a morte de Suni. A decisão da eutanásia nunca é fácil, mas foi tomada para evitar mais o sofrimento do rinoceronte; a sua saúde tinha se deteriorado muito nos últimos tempos, já mal conseguia manter de pé; os ossos, os músculos e lesões profundas na pele tinham agravado o seu estado de saúde nestes últimos meses, e o sofrimento era já incompatível com qualquer vida condigna. Sabe-se que foi recolhido material genético numa esperança futura. Contudo, o projecto de fertilização in vitro retido (de esperma e do ADN de dezenas de outros machos rinocerontes desta subespécie mantidos num instituto laboratorial alemão em Berlin e em São Diego) estima cerca de 10 milhões de euros para a sua aplicação; é preciso agora recolher óvulos das duas fêmeas sobreviventes e eventualmente, aplicar o processo de fertilização através de embriões em fêmeas da subespécie de rinocerontes-brancos-do-sul; visto que a hipótese de gravidez destas duas fêmeas no parque do Quénia estão postas de lado devido ao insucesso (nem com Sudan, Suni ou mesmo machos da subespécie do sul resultaram após acasalamento) de procriação… Esta parece ser a única alternativa para evitar mais uma extinção de uma espécie dizimada pelo homem.


As populações de todas as espécies ou subespécies de rinocerontes, encontram-se nos dias de hoje ameaçadas em consequência de vários factores; a caça-furtiva é aquela que mais danos tem provocado na preservação das espécies e esta é uma das que mais afectadas tem sido nos últimos 50 anos. Nos anos 60 do século XX, existiam aproximadamente, cerca 2000 animais, mas só entre 1970 e 1980, a população de rinoceronte-brancos-do-norte (o seu habitat era o centro de África) foi exterminada de países como: Chade, a República do Centro Africana, Uganda e o Sudão (de onde Sudan era oriundo), dos 500 exemplares que restaram durante esta década, os números baixaram até aos 15 e só por volta de 2003 estes números cresceram até aos 32 animais em liberdade, porém a exposição à caça continuou sem que nada tivesse sido feito para proteger estes rinocerontes. A população de Rinoceronte-branco-do-sul (Ceratotherium simum simum / 1817) pouco ultrapassa os 20 mil indivíduos em liberdade (em países como: Botswana; Quénia; Namíbia; África do Sul; Swazilândia; Zâmbia; Zimbabwe), parece um número elevado, mas não é o suficiente para que a espécie seja considerada não ameaçada. A inconsciência, a ignorância e a crueldade dos homens não tem limites; os troféus de caça e a medicina tradicional chinesa têm sido os grandes responsáveis pela dizimação deste animal, os seus cornos são a razão desta matança ignóbil e não há nenhuma medida objectiva por parte das entidades com responsabilidade para evitar este facto.

 

O Rinoceronte-branco é o maior de todas as espécies de rinocerontes, das conhecidas cinco espécies: Negro, Indiano, Java, Sumatra e Branco. Este mamífero da família dos Perissodáctilos, é o segundo maior animal terrestre, depois do Elefante. Medindo entre os 3,70 metros e os 4 nos machos e as fêmeas um pouco mais pequenas, com 3,40/3,60. Com um peso nos machos que pode passar em algumas centenas de kilos as 2 toneladas, as fêmeas ficam-se pelos 1500 a 1700 kg. A altura até ao dorso nos machos pode chegar aos 180 cm tal como nas fêmeas, mas em média são ligeiramente mais baixas. A sua expectativa de vida varia bastante, devido à incerteza da sua vida em liberdade, em cativeiro com os registos existentes não ultrapassaram os 45 anos. O período de gestação é dos mais longos que se conhece, podendo decorrer até aos 18 meses, o que quer dizer que em média, só terá uma cria de 3 ou 4 em 4 anos. Conhecido pelos seus famosos dois cornos que se desenvolvem por cima do focinho, estes podem ter dimensões variadas de exemplar para exemplar como formas irregulares, e que poderão chegar no máximo no caso de algumas fêmeas até perto dos 150 cm, mas em média não vão além dos 60 e poucos centímetros, o dianteiro é por norma mais desenvolvido que o segundo; e a grande particularidade é a massa proteica de que são constituídos e bastante rija feita de queratina… infelizmente demasiado procurada. As grandes características da sua morfologia típica são: uma cabeça bastante proeminente, a sua reconhecida corcunda após um pescoço diminuto, os três dedos que tem em cada pata, a cor varia um pouco entre o castanho claro ou amarelado e o cinzento claro. No fundo, pouco difere da espécie do Rinoceronte-preto; excepto naquilo que lhe dá o verdadeiro nome na língua Africânder ou Bóer: os lábios grandes e largos e claro, o facto de ter um maior porte. No caso do rinoceronte-negro o corno dianteiro pode ser atingir tamanhos ainda maiores.


Classificação cientifica do Rinoceronte-branco-do-sul
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Perissodactyla
Família: Rhinocerotidae
Género: Ceratotherium
Espécie: Ceratotherium simum
Subespécie: Ceratotherium simum cottoni


Calcula-se existam aproximadamente cerca de:

21.000 Rinocerontes-brancos-do-sul
2 Rinocerontes-brancos-do-norte

5.000 a 5.500 Rinocerontes-negros (das várias subespécies, crê-se que apenas 3 subsistam)
60 a 67 Rinocerontes-de-Java (das 3 subespécies, crê-se que apenas 1 subsista)
90 a 100 Rinocerontes-de-Sumatra (3 subespécies reconhecidas e existentes)
3.000 a 3.500 Rinocerontes-indianos

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