TRIBUTE TO WHOM I WILL BE ALWAYS GRATEFUL
TRIBUTO A QUEM DEVO MUITO DAQUILO QUE SOU
JACQUES COUSTEAU
Jacques Cousteau surgiu na minha formação em meados dos anos 70. Seguia a sua série "O Mundo Submarino de Jacques Cousteau", junto com o meu pai, como se fosse um momento sagrado de elevação do conhecimento, de encanto e emoções. Era como se viajassemos a bordo com ele no seu memorável barco "Calypso". O homem do gorro vermelho como ficou nas nossas memórias, foi e é uma referência inquestionável da oceanografia mundial. Com este explorador francês, nascido em Saint André de Cubzac a 11 de Junho de 1910, aprendi a valor da dedicação a uma causa, o significado da determinação dos sentimentos que nutrimos por algo em que acreditamos para além da nossa natureza mais comum. O mundo deve-lhe a devoção e a entrega ao limite na defesa da natureza e da preservação das espécies. Pessoalmente, devo-lhe uma grande lição de vida. Portugal guarda, infelizmente, uma das suas maiores tragédias, a morte por acidente no Tejo, do seu filho e colaborador mais próximo, Philippe Costeau, em 1979. Este oficial da marinha francesa foi um grande documentarista, um cineasta vencedor de oscares, mas também um inventor de equipamentos ligados ao mergulho de grandes profundidades. Jacques-Yves Cousteau, faleceu com 87 anos, em Paris, a 25 de Junho de 1997.
Charles Darwin é ainda hoje a maior referência na estruturação do meu pensamento naturalista e na minha filosofia ecológica, orientativas da minha vida. Darwin foi um naturalista britânico, nascido a 12 de Fevereiro de 1809 em Shewsbury. Percursor de uma concepção teórica que havia de mudar o paradigma do evolucionismo, da selecção natural, da origem das espécies ou da selecção sexual. O que sempe me fascinou na sua personalidade foi o seu lado do homem controverso; o estudante de medicina contrariado, o estudante de teologia que haveria de terminar os seus dias como um descrente convicto, um estudioso da bíblia que se tornaria no mais importante autor da teoria da evolução do homem, o naturalista de saúde frágil, os estudos revolucionários feitos em segredo, a ousadia de desafiar a comunidade científica no século XIX... fazem para mim de Darwin uma figura impar na história da humanidade. Da sua autoria, há dois momentos que marcam as minhas memórias: a "Origem das Espécies" de 1859, que li há 33 anos atrás em pleno cumprimento do meu serviço militar obrigatório, e um pouco mais tarde quando conheci em detalhe a "A Viagem do Beagle" de 1839. A partir dessa altura nasceu um sonho dentro de mim que dura até hoje: um dia tornar-me naturalista. Deixo aqui dois dos seus pensamentos: "Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais (...) os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.", "A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana." Charles Robert Darwin morreu a 19 de Abril de 19882 em Downe, no condado de Kent, com 73 anos.
FELIX RODRIGUEZ LA FUENTE
Felix Rodriguez la Fuente, foi o naturalista que se seguiu. Aquele que pela proximidade geográfica acimentou ainda mais o meu desejo de viver a experiência de uma vida ligada a natureza e ao estudo da vida selvagem. Rodriguez la Fuente nasceu a 14 de Março de 1928, em Poza de la Sal, na provincia espanhola de Burgos. Este médico, que diversificou as suas actividade como naturalista, ambientalista, explorador, autor de magníficos documentários, escritor, biólogo autodidacta, orador, guia em safaris fotográficos deixou um legado a que todos os habitantes da península Ibérica devem estar eternamente agradecidos. Através do seu olhar, da sua câmara, das suas palavras, da sua presença descobri melhor uma espécie que haveria de marcar ainda mais a minha paixão por animais... o Lobo Ibérico; devo a Felix este fascínio que dura até hoje. Lá atrás, de novo nas minhas memórias e também na minha biblioteca está essa obra referencial da nossa biodiversidade peninsular... "O Homem e a Terra", rodado entre 1974 e 1980. Como também nos deixou esse testemunho enorme e uma das maiores referências científicas e educativas da vida selvagem: a enciclopédia "FAUNA", em dez volumes, que tal como a anterior guardo com muito carinho. Tristemente, Rodriguez la Fuente faleceu num acidente de aviação, quando rodava mais um documentário, a bordo dum Cessna, a 14 de Março, exactamente no dia em que fazia 52 anos, no Alaska, num local chamado Shaktoolik, não muito longe do Klondike, uma das suas referências mais importantes desde que lera na adolescência as aventuras de Jack London.
DAVID ATTENBOROUGH
David Attenborough, é desde há três décadas para cá, a fonte de todas as minhas aspirações silenciosas. Aquele que mais me deu a conhecer sobre tudo o que quero saber e devo saber sobre história natural, e me trouxe nos seus documentários emoções que não consigo explicar, que não consigo ou nem quero traduzir. David Attenborough nasceu a 8 de Maio de 1926, em Isleworth, na Inglaterra. Naturalista, licenciado em Ciências Naturais e Antropologia, é hoje o símbolo máximo na defesa do planeta Terra. Quase 60 anos dedicados à divulgação e conservação da natureza. "Life on Earth", "The Living Planet", "The Trials of Life", "Life in the Freezer", "The Private Life of Plants", "The Life of Birds", "The Life of Mammals", "Life in the Undergrowth", "Life in Cold Blood", "Life" ou o extraordinário "Charles Darwin and the Tree of Life" fazem da sua carreira algo de impar na história da Terra e da Humanidade. De 1977 a 2005 produziu mais de 250 episódio da série "Wildlife on One". Em 2011 rodou para a BBC, a sua cadeia televisa de sempre a sua ´mais recente série de documentários, "The Frozen Planet". São muitas mas muitas dezenas e dezenas de horas sobre a vida selvagem, a natureza, a evolução, a história e a vida deste planeta. Escrevendo ainda hoje para a revista "BBC Wildlife". É difícil perceber exactamente a real dimensão desta importancia, deste valor testemunhal, da documentação produzida por este extraordinário Homem. Palavras para quê, é uma vida quase de 87 anos que fala por todos nós. É simplesmente, Sir David Frederick Attenborough.
JANE GOODALL
A mulher dos macacos! Tal como a Jane de "Tarzan" de Edgar Rice Burroughs. Comecei a seguir os seus passos por coincidência quando eu tinha 15 anos, quando fiz o meu primeiro "estudo" sobre o Mabecco, mas isso é outra história a que voltarei. Jane Goodall é mais famosa primatologista e a maior epecialista em chimpazés da humanidade. Etologista, antropóloga. Nasceu a 3 de Abril de 1934, em Londres, no Reino Unido. Perto de uns incríveis 50 anos dedicados ao estudo do comportamento dos chimpazés selvagens, sobre as suas estruturas sociais e familiares, sobre a caracterização e as idiossincrasias das suas personalidades como indivíduos únicos; algo que nos anos 60 foi considerado como uma revelação pouco científica quase patética. É ainda uma ideia feita, cultural e religiosamente, que só o humano pode demonstrar uma personalidade individualizada, com capacidade de raciocínio, exibir emoções mais intímas, acções inteligentes. A verdade é que a proximidade relatada por esta extraordinária etologista leva-nos a reflectir profundamente sobre as similiaridades existentes entre ambas as espécies. Desde os comportamentos e práticas efectivas como os mais extremos em violência, brutalidade, premeditação criminosa ou numa deliberada dominação de estatutos... em todas estas atitudes encontramos semelhanças indescutíveis. Para não falarmos do facto de partilharmos 98,5% do nosso genoma. Jane passou grande parte da sua vida adulta nas florestas da Tanzania (ex-Tanganhica), no Gombe Stream National Park, onde hoje ainda se situa um dos seus centros de pesquisa. Esta fervorosa activista dos direitos dos animais com 79 anos de idade, leva há muitos anos uma vida determinada na sua consciência conservacionista; vegetariana convicta acima de tudo por razões éticas e ambientais assume um papel preponderante e fundamental em todo tipo de campanhas contra uso abusivo dos animais para proveito humano através de organizações por si fundadas e a que preside.
Há duas citações de Valerie Jane Morris-Goodall que me têm tocado ao longo dos anos, que aqui deixo para pensarmos:
"As pessoas idosas que vivem sós podem ser salvas da depressão causada pela solidão ou de sentimentos de inutilidade quando partilham as suas vidas com um gato ou um cão estimado. Isto não acontece simplesmente porque os animais são macios, peludos e quentinhos. É porque estes curadores animais parecem empatizar com os seres humanos, compreender as suas necessidades e amá-los.”
“Não somos as únicas criaturas com mentes capazes de resolver problemas, capazes de sentir amor e ódio, alegria e tristeza, medo e desespero. Não somos certamente os únicos animais que sentem dor e sofrimento. Por outras palavras, não há uma separação nítida entre o mundo animal e o resto do reino animal. É uma linha esbatida que cada vez se torna mais esbatida.”
DIAN FOSSEY
Dian Fossey nasceu em São Francisco na Califórnia nos EUA, a 16 de Janeiro de 1932. Doutorou-se em Zoologia na Universidade Cambridge em Inglaterra. Etologista e primatologista, foi professora universitária em Nova Iorque. Época em que se tornou autora da famosa obra: "Gorilas na Bruma" (Gorilas in the Mist), que acabaria por dar o argumento de um filme com o mesmo nome. Com Signourney Weaver a desempenhar o papel da conservacionista. Dian foi aluna de Jane Goodall, aprendendo com esta a difícil tarefa do estudo e trabalho de campo. A sua vida foi inteiramente, na verdeira acepção pura da palavra, dedicada ao maravilhoso e magnífico Gorila-das-montanhas. Uma das muitas espécies africanas em risco de extinção. Tal como Jane Goodall, pioneira no facto, também Dian deu nome a todos os indivíduos que estudou, criando também ela uma perfeita identificação das suas relações familiares e inter-grupais. A sua dedicação a esta espécie só tem paralelo na história natural a Chico Mendes na defesa das Florestas da Amazónia. Lutou até ao limite contra a captura e os massacres prepetuados contra esta espécie por caçadores furtivos, lutou contra a forma como os jardins zoológicos estavam envolvidos nestas caçadas, lutou contra os interesses turisticos fomentados por objectivos meramente económicos que ignoravam a susceptibilidade destes animais, lutou contra governos e organizações, contra o exército do Ruanda. Enfim, fez da sua vida uma batalha desigual na defesa do seu amor incondicional pelos Gorilas. A sua vida sofreu um revés quando o seu Gorila favorito "Digit",que acompanhava há anos desde do seu nascimento foi morto por caçadores. O corpo do seu amigo foi encontrado decapitado, sem pés e mãos, para serem vendidos como peças para cinzeiros e outras finalidades idênticas, por valores que rondam cerca de 20$. Depois deste desgosto, Dian tornou-se uma pessoa revoltada e violenta, enfrentando tudo e todos de arma na mão quando era preciso, chegando mesmo a disparar. Conseguiu com as suas acções a prisão de muitos caçadores furtivos, incluive, dos assassinos do seu amigo "Digit". A 27 de Dezembro de 1985, com 58 anos, Dian Fossey foi encontrada assassinada na sua cabana nas montanhas do Virunga no Rwanda, ali bem perto dos seus companheiros dos últimos 18 anos. Até hoje os seus executores nunca foram descobertos. Na cabana, nada foi retirado, incluindo os filmes, as fotos, os estudos, mesmo milhares de dolares que usava para combater a caça ilegal... apenas os vestigios da luta que travou antes da sua morte estavam no chão.
Leva-me a pensar em voz bem alta: afinal, de que lado está a dita animalidade!
GERALD DURRELL
Gerald Durrell é outra das grandes figuras da vida animal. Os seus documentários marcaram igualmente a minha formação e consciência conservacionista. Durrell nasceu na India, em Jamshedpu, a 7 de Janeiro de 1925. Naturalista, escritor, apresentador, documentarista, professor universitário, fundador do International Training Center (centro de formação de milhares de biólogos, naturalistas, veterinários e arquitéctos zoológicos de mais de 100 países), fundador do Parque Zoológico de Jersey (ilha do canal da mancha); mais tarde "Durrell Wildlife Park", fundador do Jersey Wildlife Preservation Trust: mais tarde "Durrell Wildlife Conservation Trust". fundador da "Wildlife Preservation Canada, fundador com Lee, a sua segunda mulher, e o seu amigo David Attenborough do "World Wide Land Conservation Trust". O activismo de Durrell na defesa da vida selvagem, e da protecção das espécies ameaçadas de extinção sempre foi controverso; a sua relação com os jardins zoológicos como local de conservacionismo e pedagócios gerou muita discussão sobre os direitos dos animais. Porém para Durrell, este era sem dúvida um projecto de vida em sempre acreditou. Os anos que dedicou a captura de animais para vários jardins zoológicos britânicos, tal como a ideia de fazer do seu jardim zoológico o primeiro parque de criação de espécies em vias de extinção; provocaram fortes discordâncias no mundo científico e zoológico... mas esta é uma outra questão a qual também voltarei numa outra ocasião. Independentemente, de todas as razões associadas ao percurso deste conservacionista, o mais importante para mim no trabalho deste homem e na impressionante obra produzida... é a convicção com que se luta por ideais em que se acredita mais do que tudo na vida. Neste caso, sendo o fim a defesa da vida selvagem, mais signifícativo é para mim.
Gerald Malcolm Durrell faleceu com 70 anos, a 30 de Janeiro de 1995. Há vários anos que a sua saúde estava fortemente condicionada, devido aos seus problemas com a dependência do álcool. Forçado a um transplante de fígado, acabou por morrer de uma septicémia particamente um ano mais tarde.
- Todas estas figuras, cada um no seu percurso, marcaram e marcam o meu pensamento, a minha filosofia de vida, e de certa forma... o meu projecto de vida... "dentro de mim". -
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