(EXTINCT IN THE WILD - failures)
A ÚLTIMA OPORTUNIDADE
A ÚLTIMA OPORTUNIDADE
Este poderia ter sido o momento de uma verdaderia demonstração do que pode ser o altruismo humano como antitese da egocentrica mentalidade dos povos ou do individualismo do homem.
De acordo com o IUCN (Internacional Union for Conservation of Nature) e a “Red List of Threatened Species” havia identificadas 68 espécies na categoria de EW (Extinct in Wild – Extinto na Natureza). Destas 64 foram sujeitas à implementação de um processo de conservação e reprodução em cativeiro, com maior e menor impacto, em 16 e 3 casos respectivamente. O que quer dizer, novamente, que devido ao trabalho desenvolvido e às medidas adoptadas pelo homem na protecção destas espécies; 19 das 64 em risco de extinção, mostram uma evolução natural na sua conservação. Nos 16 casos, em 13 deles foram implementados melhores planos de reprodução em cativeiro. Pelo menos em 9 destes casos, o aparente sucesso deve-se em grande parte ao trabalho desenvolvido pelos Zoos e Aquários ou Parques, que levou ao IUCN considerar em reduzir a classificação de ameaça dessas espécies.
A Extinção na Natureza significa que o
estatuto de conservação da espécie em causa é o limite antes da extinção. O ser
vivo deixou de existir no seu habitat histórico e natural, que hoje depende da preservação
em cativeiro ou circunscrito a áreas protegidas para evitar que desapareça por completo
e de forma irreversível. O que quer dizer, no fundo, que a sustentação da
espécie só é possível pela intervenção do homem e cuidados deste. Para qualquer
conservacionista, de todas as oito diferentes categorias classificativas no
estado de preservação de uma espécie, esta é aquela que mais teme, pois quando
acontece os indícios de extinção já são demasiado elevados, e na pior das hipóteses…
incontornáveis.
Porém, para quem acredita que já temos e
poderemos criar ainda mais as condições privilegiadas e naturais para a
manutenção da diversidade genética, este é o estatuto que determina ao humano a
responsabilidade maior de fazer algo que só a nossa espécie pode fazer (depois de
ela própria ter causado a situação de dependência na sobrevivência de muitas outras
espécies).
De acordo com o IUCN (Internacional Union for Conservation of Nature) e a “Red List of Threatened Species” havia identificadas 68 espécies na categoria de EW (Extinct in Wild – Extinto na Natureza). Destas 64 foram sujeitas à implementação de um processo de conservação e reprodução em cativeiro, com maior e menor impacto, em 16 e 3 casos respectivamente. O que quer dizer, novamente, que devido ao trabalho desenvolvido e às medidas adoptadas pelo homem na protecção destas espécies; 19 das 64 em risco de extinção, mostram uma evolução natural na sua conservação. Nos 16 casos, em 13 deles foram implementados melhores planos de reprodução em cativeiro. Pelo menos em 9 destes casos, o aparente sucesso deve-se em grande parte ao trabalho desenvolvido pelos Zoos e Aquários ou Parques, que levou ao IUCN considerar em reduzir a classificação de ameaça dessas espécies.
Esta questão leva-me indubitavelmente, a um
ponto que é crucial no futuro das espécies ao abrigo do estatuto “Extinto na
Natureza”. Qual o foco final deste trabalho de conservação e quem está
qualificado para fazer parte dele?
Na realidade, para mim, só há um objectivo a
curto, médio ou longo prazo… a reintrodução da espécie na natureza e fundamentalmente
no seu habitat histórico. É aqui, que se coloca o cerne das decisões. Para que
este objectivo se cumpra ou pelo menos reúna as condições para tentar
faseadamente a reintrodução das espécies na natureza; o trabalho de preservação
genética e reprodução controlada só é hoje possível com os projectos
desenvolvidos entre instituições zoológicas, aquários e parques biológicos ou
programas in-situ ou ex-situ. Para isso é fundamental o trabalho de
organizações como: EAZA (European Association of Zoos and Aquaria), ZAA
(Zoological Association of America), AZA (Association of Zoos and Aquariums),
JAZA (Japanese Association of Zoos and Aquariums) e principalmente a WAZA
(World Association of Zoos and Aquariums), para além dos programas
direccionados para espécies específicas em ex-situ
(fora do local de conservação/off-site conservation) ou mais dificilmente nos
projectos in-situ (no habitat
natural). A titulo de exemplo: no primeiro caso o CNRLI em Silves
(Lince-Ibérico) e no segundo no Projecto LIFE Lince/Abutre na Beira Baixa e
Baixo Alentejo são exemplos a seguir. Foi com programas idênticos a estes, que no caso das aves
conseguiu-se que 6 das 16 espécies ameaçadas evitassem a sua extinção, as
restantes por não terem sido desenvolvidos trabalhos nesse sentido
provavelmente encontram-se hoje já extintas.
Sei que no caso das instituições zoológicas,
parques ou aquários, é um tema que tem levantado grande polémica e contestação
por parte de muitos defensores da vida animal.
Não deixo de estar de acordo com o principio
que está por detrás desta controvérsia. Contudo, não encontro alternativa para
que este trabalho de sensibilização e fundamentalmente de conservação e
preservação das espécies possa ser feito de outra maneira. Pois, politica e
financeiramente é óbvio que não há qualquer interesse do homem em investir
neste assunto. As condições sociais e económicas do mundo também ditam que são
verbas secundárias nos tempos de hoje. Quer se queira quer não, só os zoos e os
parques podem se responsabilizar por estes programas contra a extinção das
espécies. O que eu entendo, e isso sim, penso que poderia ser bem mais
profundo, é que a função desta organizações deveria ser focada crucialmente na
preservação e conservação. Por uma questão de sensibilização geracional e
humanista, estas instituições só deveriam operar se as condições fossem o mais
semelhante ou absolutamente idênticas aos habitats naturais. Aqui sim, o
investimento carecia de apoios estatais como deveria ser da sua obrigação, pois
faz parte da educação de um povo o respeito e o entendimento de que os outros
seres vivos também têm o direito inalienável à vida nas mesmas circunstâncias
do direito humano.
Foquemo-nos então no que este artigo pretende em
sensibilizar, alertar e dar a conhecer:
Comecemos pelo lado negativo do falhanço do
que poderiam ter sido programas de conservação, para ilustrar a suas consequências:
Martha - 1914 |
O Pombo-passageiro/Passenger Pigeon ou
Wild Pigeon (Ectopistes migratorius/1766)
/ Ordem-Columbiformes, Família-Columbidae, Género-Ectopistes :
Martha congelada |
é um caso paradigmático, pois provavelmente,
seria a ave mais abundante do planeta. Calcula-se que deveriam existir cerca de
5 bilhões de aves desta espécie na América do Norte (EUA). O último registo da
ave em liberdade data de 1900, foi dado como extinto em a 1 de Setembro de 1914,
quando Martha, uma fêmea e o último exemplar veio a morrer no Zoo de Cincinnat.
Media entre 38 e os 41 cm, pesava entre 260 e 340 gr. A Iris era
carmim-vermelho, em torno dos olhos que eram vermelho-arrocheado, as patas eram de um
vermelho vivo coral, bico era preto. Com a cabeça, nuca e pescoço superior de uma cor cinza-azulado. Os lados do pescoço e corpo distribuíam-se por um
violeta a um verde-dourado. A parte superior das costas e as asas iam de um cinza
claro ao castanho-acinzentado. Como curiosidade há registos de um bando com
mais de 1,5 km de largura e 500 km de comprimento que levava vários dias a
passar, normalmente migravam para o sul dos EUA.
Entre
mais de duas dezenas de espécies de animais ou plantas que desapareceram por
falta do empenho na preservação das espécies… deixo aqui mais três referências
que nos podem ajudar a olhar esta tragédia de uma forma mais assertiva e objectiva…
O Jumento-Selvagem Sírio/Syrian Wild Ass (Equus hemionus hemippus/1855) / Ordem-Perissodactlya, Família-Equidae, Género-Equus:
Era uma subespécie do Onagro, jumento entre o
asno selvagem asiático e o cavalo. Vivia nas montanhas e desertos da Síria. As
referências a este animal são muito antigas, a quem as interprete já no antigo
testamento, no Livro de Job. Era um animal indomesticável. Parece que tinha um
comportamento tão elegante e bonito como um cavalo. Tinha uma pelagem que variava
entre o verde-oliva no verão e o creme amarelado no inverno. Tinha pouco mais
de um metro de altura até à garupa. A espécie foi decaindo ao longo do século
XVIII e XIX. O último animal em liberdade foi abatido em Al Ghams na Jordânia
em 1927. Sabe-se que o último exemplar em cativeiro morreu igualmente no mesmo
ano no Tiergarten Schonburnn em Vienna. Foi considerada extinta em 1928.
O Veado
de Schomburgk/Chomburgk’s Deer (Rucervus
schomburgki/1863) / Ordem-Artiodactyla, Família-Cervidae,
Subfamília-Cervinae, Género-Rucervus:
Espécime embalsamado em Paris |
No Zoo de Berlin Oeste em 1911 |
Era um cervídeo endémico da Tailândia, muito
comum num vale perto de Bangkok. Descrito pela primeira vez por Edward Blyth no
ano de 1863, foi dado como extinto em 1938. O último exemplar vivo na natureza foi caçado
em 1932. Media perto de 180 cm, pouco mais de 100 cm até ao dorso. Pesava entre
os 100 e os 120 kg. Tinha uma pelagem castanho-escuro e de um castanho claro na
zona da barriga, a extremidade da cauda era branca. Possuía umas hastes
magníficas bem ramificadas; há dados que referem que estas hastes poderiam ter
para cima de 30 terminações e atingir cerca de 90 cm. Como é típico nos cervídeos,
as fêmeas não possuíam qualquer armação. Uma curiosidade neste veado era o
facto de ter dois dedos iguais nos cascos. Habitava nas planícies, em locais
mais pantanosas com erva, canaviais e o denso arvoredo numa região demográfica
que cobria a zona sul e central da Tailândia. Sabe-se pouco da sua etimologia,
mas os dados indicam que formavam-se em pequenos bandas: com um macho alfa, um
pequeno grupo de fêmeas e as respectivas crias. O único espécime que pode hoje ser
visto está embalsamado no Museu de História Natural de Paris, e viveu no Zoo
desta cidade até a sua morte em 1868. Há pouco mais de 20 anos, surgiu no Laos
umas hastes atribuídas a este veado que seriam usadas na medicina tradicional
chinesa, mas este é apenas um elemento que apesar de relevante nunca acabou por
se confirmar e garantir a sua proveniência.
O Leão-do-Atlas/Barbary
Lion (Panthera leo leo/1758) /
Ordem-Carnivora, Família-Felidae, Género-Panthera, Espécie-Panthera leo,
Subespécie-Panthera leo leo:
O Leão-de-Atlas fotografado no Argélia em 1893 |
Também conhecido como o Leão da barbaria ou
Leão-berbere ou ainda como o Leão Norte Africano ou o Leão do Núbio. Aqui temos
um caso paradigmático. Uma espécie da qual não há absolutas certezas que esteja
extinto. Apesar do último registo na natureza remonta a 1942 depois de ter sido
morto nas montanhas Atlas em Marrocos. O Leão-do-Atlas era (ou é) uma
subespécie do nosso conhecido Leão-Africano que provavelmente habitaria em
grande parte a região sub-Sahariana ou todo o Noroeste Africano; sabe-se por
dados e registos da sua presença na Tunísia, Líbia, Argélia, Etiópia, Qatar, Egipto e
claro em Marrocos… onde ainda hoje a presença de um grupo de indivíduos no Zoo
de Rabat é dada como sendo de descendência dos míticos Leões da Barbaria, ou o Real Leão do Sultão de Marrocos. Esta
é uma história em que mais uma vez o trabalho de preservação de uma espécie ou
subespécie falhou em termos de projecto biológico e científico. Por muito que
os estudos sejam diversos, não é possível provar com garantia que o ADN dos
exemplares mantidos hoje em cativeiro e designados como espécimes do
Leão-de-Atlas o sejam na realidade. Infelizmente, mais uma vez as matanças
levaram que fosse reduzido o seu número ao ponto de ser impossível manter
esta linhagem.
O mesmo acontece com o Leão em geral, pois as 8 subespécies de
leões conhecidas não possuem diferenças genéticas tão evidentes que permitam
confirmar uma taxonomia suficiente clara que leve assumir do ponto de vista
científico estas subespécies com o apuramento necessário. A separação das
populações, principalmente do Leão Asiático, poderão ter pouco mais de 100 mil
anos; o que os estudos dizem não ser suficiente para desenvolver características
que levem a diferenciação entre as subespécies. Apesar de serem poucas essas
diferenças, acredito ao observar os espécimes do Leão Africano (com umas 6
subespécies na realidade sem grandes diferenciações), do Leão Asiático e por
fim o Leão-do-Atlas (mesmo considerando os tais exemplares hoje em cativeiro
dos quais não há certezas que descendam dos originais), que estes sejam mesmo
subespécies… mesmo tendo em conta que os estudos digam que a genética é
praticamente idêntica. As características destas subespécies são muito
particulares. Falando deste Leão da Barbaria, os estudos recolhidos com base em
esqueletos e peles ou tecidos dizem que “era” um felino de grande porte, talvez
com o maior porte de todos os felinos; cerca de 230 a 270 kg nos machos e 140 a
160 kg nas fêmeas.
Com uma pelagem acinzentada. Uma juba que se espalhava da
cabeça ao pescoço e ombros, que se estendia ao longo de uma parte da barriga ou membros dianteiros e
que ia escurecendo até ás partes posteriores em que desenvolviam grande tufos.
Parecia ter um focinho com formas mais arredondadas até estreitar junto ao
nariz. O comprimento, tentando fugir a algumas imprecisões que estudei por não ter a
certeza se não serão exageradas, fico-me por 270 cm a um pouco mais nos machos e
perto dos 210 cm nas fêmeas. A sua alimentação devia consistir de carneiros
selvagens, javalis, gazelas de Culvier, o veado da Barbaria ou ainda mesmo
rebanhos domésticos de vacas e ovelhas. A verdade é que trata-se de um caso por
ser tão pouco claro, deveria unir e forçar a comunidade científica
internacional a levar a investigação e os estudos ao limite até poder-se obter em
definitivo uma clarificação sobre estas subespécies. Devem existir perto de 100 exemplares em cativeiro no zoos em todo mundo, cerca de 40 deles na Europa. O dilema será como gerir e manter a diversidade genética e evitar ao máximo a consanguinidade. Aqui, o significado "Extinto na Natureza", é por demais fulcral para se tentar tudo na preservação das espécies.
O Real Leão da barbaria no Leipzig Zoo |
Sultan - O Leão-de-Atlas no Zoo de Londres em 1897 |
Se esta espécie está extinta ou não, não tenho dados que o garantam... mas existe uma dúvida... e isso para mim é mais do que suficiente e obrigatório para investigar e procurar a verdade, e retirar ou não esta espécie da classificação... "Extinta na Natureza" e colocá-lo em definitivo como "Extinto".
Na realidade, a percepção que fica sempre que vemos o panorâma a que estas espécies foram sugeitas e o falhanço humano de quem foi maioritariamente responsável por este desfecho... há imagem que me vêm de volta à cabeça e me lembra que tipo de espécie somos...
Na realidade, a percepção que fica sempre que vemos o panorâma a que estas espécies foram sugeitas e o falhanço humano de quem foi maioritariamente responsável por este desfecho... há imagem que me vêm de volta à cabeça e me lembra que tipo de espécie somos...
Uma imagem que vale todas as palavras que gostarias de encontrar para definir uma triste realidade. Uma fêmea Tylacino com três crias no Zoológico Beaumaris, em Hobart, na Tasmania, no ano de 1910. |
Basta que a publique em imagens de reduzidas dimensões para que chegue como mensagem... |
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