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A EXTINÇÃO - EXTINTO NA NATUREZA - OS FALHANÇOS - 2ª PARTE


(EXTINCT IN THE WILD - failures)


A ÚLTIMA OPORTUNIDADE


 Este poderia ter sido o momento de uma verdaderia demonstração do que pode ser o altruismo humano como antitese da egocentrica mentalidade dos povos ou do individualismo do homem.

A Extinção na Natureza significa que o estatuto de conservação da espécie em causa é o limite antes da extinção. O ser vivo deixou de existir no seu habitat histórico e natural, que hoje depende da preservação em cativeiro ou circunscrito a áreas protegidas para evitar que desapareça por completo e de forma irreversível. O que quer dizer, no fundo, que a sustentação da espécie só é possível pela intervenção do homem e cuidados deste. Para qualquer conservacionista, de todas as oito diferentes categorias classificativas no estado de preservação de uma espécie, esta é aquela que mais teme, pois quando acontece os indícios de extinção já são demasiado elevados, e na pior das hipóteses… incontornáveis.
Porém, para quem acredita que já temos e poderemos criar ainda mais as condições privilegiadas e naturais para a manutenção da diversidade genética, este é o estatuto que determina ao humano a responsabilidade maior de fazer algo que só a nossa espécie pode fazer (depois de ela própria ter causado a situação de dependência na sobrevivência de muitas outras espécies).



De acordo com o IUCN (Internacional Union for Conservation of Nature) e a “Red List of Threatened Species” havia identificadas 68 espécies na categoria de EW (Extinct in Wild – Extinto na Natureza). Destas 64 foram sujeitas à implementação de um processo de conservação e reprodução em cativeiro, com maior e menor impacto, em 16 e 3 casos respectivamente. O que quer dizer, novamente, que devido ao trabalho desenvolvido e às medidas adoptadas pelo homem na protecção destas espécies; 19 das 64 em risco de extinção, mostram uma evolução natural na sua conservação. Nos 16 casos, em 13 deles foram implementados melhores planos de reprodução em cativeiro. Pelo menos em 9 destes casos, o aparente sucesso deve-se em grande parte ao trabalho desenvolvido pelos Zoos e Aquários ou Parques, que levou ao IUCN considerar em reduzir a classificação de ameaça dessas espécies.
Esta questão leva-me indubitavelmente, a um ponto que é crucial no futuro das espécies ao abrigo do estatuto “Extinto na Natureza”. Qual o foco final deste trabalho de conservação e quem está qualificado para fazer parte dele?

Na realidade, para mim, só há um objectivo a curto, médio ou longo prazo… a reintrodução da espécie na natureza e fundamentalmente no seu habitat histórico. É aqui, que se coloca o cerne das decisões. Para que este objectivo se cumpra ou pelo menos reúna as condições para tentar faseadamente a reintrodução das espécies na natureza; o trabalho de preservação genética e reprodução controlada só é hoje possível com os projectos desenvolvidos entre instituições zoológicas, aquários e parques biológicos ou programas in-situ ou ex-situ. Para isso é fundamental o trabalho de organizações como: EAZA (European Association of Zoos and Aquaria), ZAA (Zoological Association of America), AZA (Association of Zoos and Aquariums), JAZA (Japanese Association of Zoos and Aquariums) e principalmente a WAZA (World Association of Zoos and Aquariums), para além dos programas direccionados para espécies específicas em ex-situ (fora do local de conservação/off-site conservation) ou mais dificilmente nos projectos in-situ (no habitat natural). A titulo de exemplo: no primeiro caso o CNRLI em Silves (Lince-Ibérico) e no segundo no Projecto LIFE Lince/Abutre na Beira Baixa e Baixo Alentejo são exemplos a seguir. Foi com programas idênticos a estes, que no caso das aves conseguiu-se que 6 das 16 espécies ameaçadas evitassem a sua extinção, as restantes por não terem sido desenvolvidos trabalhos nesse sentido provavelmente encontram-se hoje já extintas.
Sei que no caso das instituições zoológicas, parques ou aquários, é um tema que tem levantado grande polémica e contestação por parte de muitos defensores da vida animal.

Não deixo de estar de acordo com o principio que está por detrás desta controvérsia. Contudo, não encontro alternativa para que este trabalho de sensibilização e fundamentalmente de conservação e preservação das espécies possa ser feito de outra maneira. Pois, politica e financeiramente é óbvio que não há qualquer interesse do homem em investir neste assunto. As condições sociais e económicas do mundo também ditam que são verbas secundárias nos tempos de hoje. Quer se queira quer não, só os zoos e os parques podem se responsabilizar por estes programas contra a extinção das espécies. O que eu entendo, e isso sim, penso que poderia ser bem mais profundo, é que a função desta organizações deveria ser focada crucialmente na preservação e conservação. Por uma questão de sensibilização geracional e humanista, estas instituições só deveriam operar se as condições fossem o mais semelhante ou absolutamente idênticas aos habitats naturais. Aqui sim, o investimento carecia de apoios estatais como deveria ser da sua obrigação, pois faz parte da educação de um povo o respeito e o entendimento de que os outros seres vivos também têm o direito inalienável à vida nas mesmas circunstâncias do direito humano.
Foquemo-nos então no que este artigo pretende em sensibilizar, alertar e dar a conhecer:
Comecemos pelo lado negativo do falhanço do que poderiam ter sido programas de conservação,  para ilustrar a suas consequências:

Martha - 1914
O Pombo-passageiro/Passenger Pigeon ou Wild Pigeon (Ectopistes migratorius/1766) / Ordem-Columbiformes, Família-Columbidae, Género-Ectopistes :


Martha congelada
é um caso paradigmático, pois provavelmente, seria a ave mais abundante do planeta. Calcula-se que deveriam existir cerca de 5 bilhões de aves desta espécie na América do Norte (EUA). O último registo da ave em liberdade data de 1900, foi dado como extinto em a 1 de Setembro de 1914, quando Martha, uma fêmea e o último exemplar veio a morrer no Zoo de Cincinnat. Media entre 38 e os 41 cm, pesava entre 260 e 340 gr. A Iris era carmim-vermelho, em torno dos olhos que eram vermelho-arrocheado, as patas eram de um vermelho vivo coral, bico era preto. Com a cabeça, nuca e pescoço superior de uma cor cinza-azulado. Os lados do pescoço e corpo distribuíam-se por um violeta a um verde-dourado. A parte superior das costas e as asas iam de um cinza claro ao castanho-acinzentado. Como curiosidade há registos de um bando com mais de 1,5 km de largura e 500 km de comprimento que levava vários dias a passar, normalmente migravam para o sul dos EUA.

 Entre mais de duas dezenas de espécies de animais ou plantas que desapareceram por falta do empenho na preservação das espécies… deixo aqui mais três referências que nos podem ajudar a olhar esta tragédia de uma forma mais assertiva e objectiva…

O Jumento-Selvagem Sírio/Syrian Wild Ass (Equus hemionus hemippus/1855) / Ordem-Perissodactlya, Família-Equidae, Género-Equus:




Era uma subespécie do Onagro, jumento entre o asno selvagem asiático e o cavalo. Vivia nas montanhas e desertos da Síria. As referências a este animal são muito antigas, a quem as interprete já no antigo testamento, no Livro de Job. Era um animal indomesticável. Parece que tinha um comportamento tão elegante e bonito como um cavalo. Tinha uma pelagem que variava entre o verde-oliva no verão e o creme amarelado no inverno. Tinha pouco mais de um metro de altura até à garupa. A espécie foi decaindo ao longo do século XVIII e XIX. O último animal em liberdade foi abatido em Al Ghams na Jordânia em 1927. Sabe-se que o último exemplar em cativeiro morreu igualmente no mesmo ano no Tiergarten Schonburnn em Vienna. Foi considerada extinta em 1928.


O Veado de Schomburgk/Chomburgk’s Deer (Rucervus schomburgki/1863) / Ordem-Artiodactyla, Família-Cervidae, Subfamília-Cervinae, Género-Rucervus:
Espécime embalsamado em Paris



No Zoo de Berlin Oeste em 1911
Era um cervídeo endémico da Tailândia, muito comum num vale perto de Bangkok. Descrito pela primeira vez por Edward Blyth no ano de 1863, foi dado como extinto em 1938. O último exemplar vivo na natureza foi caçado em 1932. Media perto de 180 cm, pouco mais de 100 cm até ao dorso. Pesava entre os 100 e os 120 kg. Tinha uma pelagem castanho-escuro e de um castanho claro na zona da barriga, a extremidade da cauda era branca. Possuía umas hastes magníficas bem ramificadas; há dados que referem que estas hastes poderiam ter para cima de 30 terminações e atingir cerca de 90 cm. Como é típico nos cervídeos, as fêmeas não possuíam qualquer armação. Uma curiosidade neste veado era o facto de ter dois dedos iguais nos cascos. Habitava nas planícies, em locais mais pantanosas com erva, canaviais e o denso arvoredo numa região demográfica que cobria a zona sul e central da Tailândia. Sabe-se pouco da sua etimologia, mas os dados indicam que formavam-se em pequenos bandas: com um macho alfa, um pequeno grupo de fêmeas e as respectivas crias. O único espécime que pode hoje ser visto está embalsamado no Museu de História Natural de Paris, e viveu no Zoo desta cidade até a sua morte em 1868. Há pouco mais de 20 anos, surgiu no Laos umas hastes atribuídas a este veado que seriam usadas na medicina tradicional chinesa, mas este é apenas um elemento que apesar de relevante nunca acabou por se confirmar e garantir a sua proveniência.


O Leão-do-Atlas/Barbary Lion (Panthera leo leo/1758) / Ordem-Carnivora, Família-Felidae, Género-Panthera, Espécie-Panthera leo, Subespécie-Panthera leo leo:




O Leão-de-Atlas fotografado no Argélia em 1893
Também conhecido como o Leão da barbaria ou Leão-berbere ou ainda como o Leão Norte Africano ou o Leão do Núbio. Aqui temos um caso paradigmático. Uma espécie da qual não há absolutas certezas que esteja extinto. Apesar do último registo na natureza remonta a 1942 depois de ter sido morto nas montanhas Atlas em Marrocos. O Leão-do-Atlas era (ou é) uma subespécie do nosso conhecido Leão-Africano que provavelmente habitaria em grande parte a região sub-Sahariana ou todo o Noroeste Africano; sabe-se por dados e registos da sua presença na Tunísia, Líbia, Argélia, Etiópia, Qatar, Egipto e claro em Marrocos… onde ainda hoje a presença de um grupo de indivíduos no Zoo de Rabat é dada como sendo de descendência dos míticos Leões da Barbaria, ou o Real Leão do Sultão de Marrocos. Esta é uma história em que mais uma vez o trabalho de preservação de uma espécie ou subespécie falhou em termos de projecto biológico e científico. Por muito que os estudos sejam diversos, não é possível provar com garantia que o ADN dos exemplares mantidos hoje em cativeiro e designados como espécimes do Leão-de-Atlas o sejam na realidade. Infelizmente, mais uma vez as matanças levaram que fosse reduzido o seu número ao ponto de ser impossível manter esta linhagem.
O Real Leão da barbaria no Leipzig Zoo
O mesmo acontece com o Leão em geral, pois as 8 subespécies de leões conhecidas não possuem diferenças genéticas tão evidentes que permitam confirmar uma taxonomia suficiente clara que leve assumir do ponto de vista científico estas subespécies com o apuramento necessário. A separação das populações, principalmente do Leão Asiático, poderão ter pouco mais de 100 mil anos; o que os estudos dizem não ser suficiente para desenvolver características que levem a diferenciação entre as subespécies. Apesar de serem poucas essas diferenças, acredito ao observar os espécimes do Leão Africano (com umas 6 subespécies na realidade sem grandes diferenciações), do Leão Asiático e por fim o Leão-do-Atlas (mesmo considerando os tais exemplares hoje em cativeiro dos quais não há certezas que descendam dos originais), que estes sejam mesmo subespécies… mesmo tendo em conta que os estudos digam que a genética é praticamente idêntica. As características destas subespécies são muito particulares. Falando deste Leão da Barbaria, os estudos recolhidos com base em esqueletos e peles ou tecidos dizem que “era” um felino de grande porte, talvez com o maior porte de todos os felinos; cerca de 230 a 270 kg nos machos e 140 a 160 kg nas fêmeas.
Sultan - O Leão-de-Atlas no Zoo de Londres em 1897
Com uma pelagem acinzentada. Uma juba que se espalhava da cabeça ao pescoço e ombros, que se estendia ao longo de uma parte da barriga ou membros dianteiros e que ia escurecendo até ás partes posteriores em que desenvolviam grande tufos. Parecia ter um focinho com formas mais arredondadas até estreitar junto ao nariz. O comprimento, tentando fugir a algumas imprecisões que estudei por não ter a certeza se não serão exageradas, fico-me por 270 cm a um pouco mais nos machos e perto dos 210 cm nas fêmeas. A sua alimentação devia consistir de carneiros selvagens, javalis, gazelas de Culvier, o veado da Barbaria ou ainda mesmo rebanhos domésticos de vacas e ovelhas. A verdade é que trata-se de um caso por ser tão pouco claro, deveria unir e forçar a comunidade científica internacional a levar a investigação e os estudos ao limite até poder-se obter em definitivo uma clarificação sobre estas subespécies. Devem existir perto de 100 exemplares em cativeiro no zoos em todo mundo, cerca de 40 deles na Europa. O dilema será como gerir e manter a diversidade genética e evitar ao máximo a consanguinidade. Aqui, o significado "Extinto na Natureza", é por demais fulcral para se tentar tudo na preservação das espécies.
Se esta espécie está extinta ou não, não tenho dados que o garantam... mas existe uma dúvida... e isso para mim é mais do que suficiente e obrigatório para investigar e procurar a verdade, e retirar ou não esta espécie da classificação... "Extinta na Natureza" e colocá-lo em definitivo como "Extinto".

Na realidade, a percepção que fica sempre que vemos o panorâma a que estas espécies foram sugeitas e o falhanço humano de quem foi maioritariamente responsável por este desfecho... há imagem que me vêm de volta à cabeça e me lembra que tipo de espécie somos...


Uma imagem que vale todas as palavras que gostarias de encontrar para definir uma triste realidade.
Uma fêmea Tylacino com três crias no Zoológico Beaumaris, em Hobart, na Tasmania, no ano de 1910.
Estas duas imagens não revelam animais nascidos em cativeiro mas capturados, pois os estudos indicam que só uma vez se deram nascimentos com sucesso em cativo, no Zoológico de Melbourne, na Austrália, em 1899, das quais desconheço quaisquer fotografias.

Por fim, algo que não gosto de explorar nem usar, mas que neste caso é determinante e necessário para que não restem dúvidas da nossa influência directa no extermínio da vida selvagem...



Basta que a publique em imagens de reduzidas dimensões para que chegue  como mensagem...



  


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