O Lobo-da-Tasmânia caminha como um mito!
Um jovem Tilacino (quem sabe se... Benjamin?) |
O Tilacino (como prefiro) ou o Tigre-da-Tasmânia (definição que discordo)
desapareceu e foi dado como extinto em 1936, como já referi em anteriores
artigos. Foi visto pela última vez na natureza em 1933. Depois disso, levou apenas
três anos até que o último exemplar em cativeiro (o ou a célebre “Benjamin”,
pois nunca houve a certeza do seu sexo) desaparece-se e deixasse o mundo
natural mais pobre. Felizmente, pelo menos, preservaram-se os pequenos filmes
documentais e as fotos para ter a certeza que este magnifico e singular animal existiu de facto
e não faz parte da mitologia zoológica.
Desde essa altura e esporadicamente ao longo dos últimos 80 anos, foram
registados testemunhos que descreviam diversos “avistamentos” desta espécie no
seu habitat natural ou perto de áreas urbanas ou tribais. Na verdade, nunca
nada foi comprovado, nem os dados foram até hoje suficientemente fidedignos
para se dar o crédito necessário de que a espécie ainda existia e não tivesse
sido de facto extinta pelos colonos europeus (com concordância governamental) na década de 30
do século passado.
As notícias voltam de novo à ribalta. Novos relatos, levaram um grupo de
investigadores da “JCU” (James Cook University), na Austrália, anunciar a
intenção de encetar uma expedição científica em busca deste extinto predador marsupial.
Dando agora alguma credibilidade aos últimos elementos recolhidos,
designadamente, de um antigo guarda florestal em Queensland, que descreve um
desses “avistamentos” de forma detalhada e descrições consideradas bastante plausíveis,
para além de afirmar que estes encontros são reconhecidos também pela população
aborígene nessas regiões mais remotas. Todavia as dúvidas subsistem… Mesmo
tendo em conta um vídeo (que já tive oportunidade de visualizar) de 2016, em
que é observado um animal esquivando-se num jardim de uma casa; só que é tudo
tão rápido, que o registo em si, também não garante qualquer evidência que nos
permita confirmar tratar-se de um Tilacino.
É com base nestes novos dados, que os investigadores pretendem levar acabo um
trabalho efectivo com esta expedição no estado de Queensland e regiões
florestais mais isoladas. Esta pesquisa está marcada para iniciar-se este mês
e, consta da colocação estratégica de meia centena de câmaras digitais de alta
tecnologia em locais designados estritamente confidenciais, na Península de
Cape York, de maneira a proteger o habitat e as zonas onde se pressupõem que
possam registar esses ténues indícios. Contudo, diria já, como é possível
proteger uma espécie “considerada extinta” com elementos geográficos
relativamente referenciados e quase precisos. Este tipo de trabalhos no terreno
não são divulgados assim; há sempre algum secretismo à volta destas missões. E
já sabemos inclusive, que os resultados deste trabalho foram garantidos que
seriam tornados públicos logo após a conclusão da investigação. Para uma
expedição tão importante do ponto de vista cientifico, parece-me que já houve
informação demais.
Todas as fotos deste artigo fazem parte do pequeno lote de imagens existentes de Tilacinos vivos, tiradas provavelmente entre 1930 e 1936.
Contudo, na minha modesta opinião, esta probabilidade da não-extinção é
praticamente inverosímil, por muito que desejasse estar errado. Pois, estamos a
falar de mais de 80 anos. Seriam necessárias várias gerações de indivíduos. A
existência de uma população razoável mesmo que mínima para preservação de um animal
fugidio, mas territorial. Com riscos
potenciais de consanguinidade e com uma reduzida diversidade genética. Para
além de décadas de presas necessárias que sustentassem as ninhadas de 2, 3 ou
mesmo 4 crias. Num habitat que há muitas centenas de anos que não era o seu;
visto que as busca ocorrem na Austrália e não na Tasmânia… Estamos a falar igualmente
de um predador, de um animal semelhante em tamanho e mesmo no aspecto, a um
coiote, ou a um lobo de menor porte, com cerca de 30 kg. Mesmo tendo em conta
que a sua actividade era provavelmente mais nocturna ou crepuscular; o certo é
que, sobre a etologia deste animal pouco ou nada se sabe que permita interpretar
a sua acção na natureza. Até a sua dieta alimentar é subjectiva, mas
tratando-se ele de um predador, podemos pressupor de acordo com a
biodiversidade existente em determinadas regiões quais seriam as suas
potenciais presas, e isso pode ajudar a traçar melhor regiões especificas… mas certezas não as temos e o que existem são apenas
relatos.
Pessoalmente, bem gostava que fosse possível, sendo ele há muito a imagem
simbólica de um dos meus websites, mas infelizmente, é uma realidade por demais
improvável. Por outro lado, esta investigação, também poderá por fim a um dos
grandes mitos da vida selvagem… Esperemos então, por aquilo que o Professor Bill (William F.) Laurance e a
sua equipa, chefiada também pela Dra.
Sandra Abell, nos possam trazer do resultado global desta expedição;
certamente que estes cientistas têm elementos de pesquisa que nós não temos… O
que se sabe é que; para além do objectivo já assumido, a expedição também
pretende fazer um levantamento das espécies raras e ameaçadas das regiões
envolvidas, como do tipo e do impacto da predação nestes locais.
Temos sido surpreendidos, com alguma frequência nos últimos anos, com a
redescoberta de espécies que se consideravam extintas. Ainda recentemente, em
2013, neste continente, foi reencontrado um papagaio (Night Parrot – Papagaio nocturno) que se supunha extinto ou muito
perto disso. Isto leva-nos a considerar que não é de todo impossível acalentar
a esperança que espécies desaparecidas possam ressurgir de novo em regiões
pouco espectáveis. Talvez por isto, seria verdadeiramente incrível do ponto de
vista cientifico, e do repensar toda a
biologia…
Se o Tilacino, o Lobo-da-Tasmânia, não estivesse extinto!
EM BAIXO PODEMOS OBSERVAR ALGUMAS DAS POUCAS IMAGENS
DO THYLACINE
QUE FICARAM REGISTADAS EM VIDEO.
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