DESTINOS
COMO O DE OPALA E MARVEL,
NO VALE DO GUADIANA E EM TERRAS ESPANHOLAS!...
Num artigo que publiquei
em 2017, tentei seguir desde o inicio a história de sobrevivência de um dos
mais belos e resilientes felinos que a fauna selvagem possui em toda a sua
colecção universal. Procurei registar a memória individual do maior número de
espécimes, que foram directa ou indirectamente, envolvidos no Programa Ibérico
de Reprodução e Reintrodução desta espécie no seu habitat natural. Um projecto
que acompanhei desde o principio, e tento acompanhar o mais próximo que
consigo. Um dever que assumi para mim próprio, desde que, tive consciência do
risco que esta espécie corria em 1978/1979, quando participei na primeira
campanha que alertava para a sua conservação. Apesar da minha posição critica,
em relação a várias medidas que considero deficientes e desarticuladas, e que
se ligam, à finalidade deste programa; julgo que na sua globalidade é um
projecto extraordinário no empenho dado por todos aqueles que lutam para salvar
esta espécie que se encontrava até há dois ou três anos atrás, muito perto da
extinção. Só lamento, que ainda não tenha sido possível, as autoridades e as
organizações envolvidas, implementarem uma estratégia com uma estrutura de
planos objectivos e planos alternativos, para evitar a morte de mais de 70
exemplares, causadas na maioria das vezes pela crueldade humana ou pela
irresponsabilidade do homem… estamos a falar de mais de 10% de toda a população
desta espécie, o que perante o cenário de tantas dificuldades em manter este
felino longe das ameaças a que está sujeito, é um valor demasiado preocupante…
tanto na tristeza que provoca a todos os que lutam para salvar o Lince-ibérico,
como do ponto de vista técnico e cientifico, é igualmente, uma perda de
diversidade genética, que evitada poderia exponenciar a qualidade de
resistência dos espécimes e aumentar a capacidade de sobrevivência da espécie,
isto para não falar de animais perdem a vida desta maneira tão desumana.
Este trabalho que se
segue, prossegue na mesma senda, do que o anterior. Não é bem um estudo, tanto
neste como no anterior proponho-me mais a um artigo de investigação, baseado
nos próprios envolvidos. É a continuidade da minha história sobre o Lince-Ibérico.
O meu tributo a todos os exemplares que pude homenagear. São os relatos, dados
e elementos estatísticos, entre as histórias dos indivíduos envolvidos no
programa de recuperação da espécie. Agora, num pequeno balanço do final de
2017, até à presente data. Sem grandes preciosismos cronológicos, sem rigorosos
critérios analíticos, sem pretensões mais cientificas; apenas uma preocupação
com as referências possíveis, e um olhar sensível sobre cada animal que me foi
possível identificar, deixando assim uma consagração merecida a cada um destes
seres, que considero, magníficos e são para mim, o grande ex-libris da nossa
fauna.
O CNRLI, em Silves, na sua prespectiva geográfica (antes do incêndio). |
O ano de 2018, foi
especialmente, trágico. O que só vêm confirmar, tudo aquilo que critico e
defendo, quase desde o principio do programa. Continuo a acreditar, que com um
empenho sério e que não seja hipócrita, cínico ou oportunista, existem medidas
e estratégias que poderiam, talvez, evitar ano passado, a morte de pelo menos…
27 linces atropelados (que em conjunto com os 31 linces vitimas de
atropelamento em 2017, o ano com o pior registo, perfazem 58 exemplares nos
últimos dois anos do programa de recuperação da espécie). Tal como, o assumir
de uma corajosa alteração às leis que criminalizassem o abate seja por que
forma for, de espécies em risco, e que levassem a uma punição exemplar,
mostrando assim, de que lado está a grandeza humana e a consciência humanista
para com as espécies selvagens. Infelizmente, por mais promessas que os
governos de Espanha e Portugal deem sobre a implementação de medidas para
proteger a espécie ou mesmo quando são desencadeadas acções preventivas nas
estradas ibéricas (principalmente, nos chamados pontos negros fatais), os
resultados não se vêm, e os números continuam a aumentar à medida que a espécie
se vai desenvolvendo no seu meio ambiente. O que mostra, quer se queira quer
não, que esta estratégia está errada, ou no mínimo, desadequada. Não vejo outra
possibilidade, se não trabalhar um plano global de corredores naturais e de
medidas dissuasoras da aproximação de lince (ou de outra espécie selvagem) das
estradas ou das infraestruturas urbanas, assim como, a elaboração de uma
estratégia de tocas e excelentes condições de subsistência para o coelho-bravo
ou outras presas do lince, e que possam equilibrar ecossistemas o mais afastado
possível da presença ou circulação humana. Eu sei que algumas destas medidas já
foram tomadas e outras estão acordadas com ambos os governos (graças às
organizações envolvidas e fundamentalmente, à WWF), mas de forma insuficiente e
sem alternativas compensatórias e mais eficazes. É preciso ter em conta, que o
problema de quase todas as mortes ocorridas são consequências do impacto e da
atitude humana, e não provocadas pela ameaça ou invasão da espécie em centros
urbanos, o drama acontece nas imediações do seu habitat. Espero que as
promessas do Governo Espanhol e Português, se cumpram este ano de 2019,
conforme foi assumido, e que os imperativos corredores naturais e artificiais ou
as passagens aéreas e subterrâneas se multipliquem ao longo das autoestradas
ibéricas, sobretudo, em número suficiente nos chamados pontos negros (visto que
são profusamente conhecidos de todos os responsáveis) e nas mediações de todas
estas zonas envolventes. É preciso dizer as coisas tal como são; o governo
Espanhol e os governos autónomos têm a maior responsabilidade, pois mais de 20%
dos incidentes nas rodovias em 2018, deram-se todos nos pontos negros da
Andaluzia.
Este artigo pretende,
acima de tudo, lembrar tanto quanto me for possível, todos os exemplares que
lutam pela sobrevivência de uma espécie ainda sob fortes condições de risco de
extinção. Com o Projecto Life Iberlince para a Conservação do Lince-Ibérico
terminado no final de dezembro de 2018, e com uma nova candidatura proposta ao
Projecto Life, procuro deixar neste trabalho a visão e a opinião de alguém, que
totalmente desprendido de ligações directas ou indirectas ao programa, no
entanto, se dedica a esta causa e a esta espécie, há exactamente… 40 anos.
Aspecto do recinto do Lince-ibérico, no Zoo de Lisboa |
Infelizmente, os números
ainda são mais assustadores, mesmo trágicos, na Andaluzia, em Espanha, onde se
encontra o maior núcleo populacional do Lince-Ibérico. A 3 de outubro do ano
passado, soube de mais um exemplar atropelado, uma jovem cria, na autoestrada
A-4 (um dos pontos negros), ainda no município de Marmolejo. Não muito antes, a
16 de agosto, na conhecida estrada “la carratera de La Lancha”, a JH5002, uma
jovem fêmea nascida em 2018, perdeu ali a vida. Pelos números que obtive, só o
ano passado nesta província, foram 8 os linces com este destino fatal; cerca de
15 no total, em toda a Andaluzia. Gostava de puder divulgar os nomes se
soubesse, se é que tinham, mas não consegui esses elementos. Em novembro de
2018, deu-se algo completamente, inaceitável, e que não consigo entender como
nenhuma medida foi tomada por parte das autoridades ou do governo local, depois
deste acontecimento… no dia 24, uma fêmea de um ano e meio, foi atropelada na
A-481 em Huelva; no dia anterior, a 23, um outro lince foi encontrado morto,
perto da estrada do AVE, junto de Villafranca de Córdoba; a 22, uma outra fêmea
sem identificação, tinha morrido atropelada ao km 301, na A-4, em Guarromán,
Jaén.
Contudo, quero deixar
expresso, que de pouco serve neste momento, a justificação do director do
projecto Life Iberlince… conhecer os dados estatísticos ao longo de anos sobre
a tendência de atropelamentos nesta região, não chega; e também o crescimento
populacional em 17 anos de 600% (de cerca de 90 para aproximadamente 650) ou o
aumento da área controlada de 125 km2 para perto de 3000, vai resolver a
questão; nem mesmo os protocolos estabelecidos no protecção da espécie, como as
cercas e as passagens artificiais sobre as rodovias e alterações ao habitat em
zonas de risco, parecem ser suficientes para evitar os números de 2018. Não
esquecer que esta região da Andaluzia, possui a maior população do
Lince-ibérico, com um sucesso extraordinário de reprodução na natureza (de
acordo com os dados que tenho, e na altura com cerca de 50% dos censos de 2018
concluídos, davam um número impressionante de 34 ninhadas nascidas: 8 com 18
crias na região de Doñana-Aljarafe, 6 com 19 crias em Guarrizos/Jaén, 8 com 14
crias em Andújar e Marmolejo, 5 de 10 crias na Cardeña e Montoro, 7 com cerca
de 11 crias na região de Guadalmellato), e dados que nos trazem um elemento
bastante importante neste censo, que é o crescimento de fêmeas territoriais
nesta região; de 27 em 2002, para umas prováveis, 109 em 2018. É preciso ter em
conta, agora, os factores de imponderabilidade; o aumento populacional
concentrado nas mesmas áreas pode tornar-se difícil de gerir, não só em termos
de reintroduções, como a nível reprodutivo, assim como de sustentabilidade
diária da população de linces ou da população da sua principal presa: o
coelho-bravo. A duplicação dos números nos últimos quatro anos (em 2014
estimavam-se 300 exemplares, hoje já sabemos que rondam entre os 600 e os 700),
leva, na minha opinião a rever, urgentemente, o plano das áreas de
distribuição, e a ter-se de considerar esta ampliação, para outras áreas
protegidas, de preferência, englobadas em serras e regiões que foram o seu
território original na Península; mesmo, sabendo que isto, teria implicações
nos financiamentos disponíveis para este programa, como implicaria uma
restruturação das politicas ambientais aprovadas para beneficiar outras
actividades humanas nestas reservas (incluindo o de um lobby forte como: a caça
cinegética). Creio que só a intervenção de um plano politico nacional e uma
consciencialização da sociedade na sua conduta nestes pontos críticos pode
mitigar de forma significativa, a perda de tantos exemplares de uma espécie
ameaçada. O director do programa Iberlince, fala como objectivo prioritário,
para além, do aumento das populações, na necessidade da conetividade
territorial como sendo essencial para uma melhor partilha genética entre
diferentes populações ou núcleos populacionais, e com o crescimento da
população de linces é preciso encontrar maneira de facilitar a movimentação dos
indivíduos; declarações que me parecem demasiado óbvias há muitos anos, pois
falo desta probabilidade e desta consequência, pelo menos há meia década, e
defendo medidas preventivas e dissuasoras junto às rodovias ou passagens aéreas
e subterrâneas há mais de uma década; isto, porque só assim podemos proteger a
espécie e ajudar a conduzi-las para corredores naturais estruturados, alargando
a capacidade dos seus territórios.
Parece interessante, a
proposta feita pela região de Múrcia, em Espanha, em estender para noroeste,
para as serras dos municípios de Moratalla, Caravaca de la Cruz, Calasparra, e
Jumilla, devido à potencialidade destas áreas, ainda por cima, com uma elevada
concentração de populações de coelhos-bravos; claro que, é preciso garantir um
plano eficaz, com as precauções necessárias para não criar outras zonas de
risco (como atropelamentos ou sujeitar estas novas populações à caça furtiva).
Talvez, quem sabe, estabelecer uma ponte de corredores naturais e seguros,
entre um hipotético triangulo, da Andaluzia, a Múrcia e Castilla-La Mancha, e
desta a Estremadura, envolvendo os diversos núcleos populacionais nestas
regiões sediados. Incluindo, a forte hipótese, do próprio núcleo do PNVG,
beneficiar desta correlação distributiva entre populações, aproximando mais o
grupo português de outras possibilidades da variabilidade genética; tanto
Doñana como o Vale do Guadiana possuem populações mais isoladas, sendo que
naquela região espanhola a diversidade genética é muito reduzida. Até porque,
ao que parece, não há interesse politico, no repovoamento da Serra da Malcata;
os argumentos dos investimentos necessários para a reintrodução do lince nesta
região estão condicionados pelos interesses económicos, sociais e políticos,
onde mais uma vez, o lobby da caça está incluído (com base nos “estudos”, as
presas como o coelho, não são suficientes para todos), talvez por isso, a projecção
para daqui a uma década a presença de novo do Lince-ibérico numa serra mítica
para este felino, faça sentido para quem tem interesses imediatos no uso dos
recursos naturais e nas práticas cinegéticas hoje disponíveis, impedindo assim,
o desenvolvimento da área original do lince em Portugal. Seguindo desta forma,
em sentido contrário ao esforço que o nosso país vizinho, a Espanha, está a
fazer para aumentar as áreas de distribuição de um dos felinos mais ameaçados
do planeta. É verdade que, torna-se cada vez mais fundamental, que os critérios
de selecção para criar núcleos populacionais do lince na península, devam
obedecer, a uma série de factores determinantes para a subsistência e segurança
da espécie, quando esta já esteve quase extinta: a saudável população de presas
como o coelho é absolutamente imperativo (com um controle profundo e
transversal da Mixomatose e da RHD/Doença Hemorrágica Viral do coelho), a
geomorfologia dos terrenos que se identifique com o habitat mais típico para
este felino é crucial, o chamado mosaico mediterrânico para a actividade do
lince é suportado em grande medida pelo mato e arbustos ou um terreno
acidentado de baixa densidade de árvores e ainda por terreno rochoso, a
proximidade razoável de outros núcleos populacionais deve ser um dos critérios
mais importantes para manter uma população geneticamente saudável, assim como,
a distância cada vez mais decisiva, dos centros e estruturas urbanas ou de
rodovias que potencializem os riscos de mortalidade, ou ainda locais onde a
acção antrópica do homem pode ser
elevada, seja por irresponsabilidade seja por intenção criminal como
venenos e armadilhas ou caça furtiva.
Adelfa
Cromo |
Furia |
Jomafo |
Lagunilla transportando uma cria na boca |
A quinta vitima foi Olmo, era um jovem macho nascido em
2018, na mesma temporada, que Opala
(de quem falaremos de seguida). A estrada EN 122, entre Beja e Mértola, tem se
mostrada excessivamente fatídica para a vida selvagem; Olmo foi mais uma das suas vitimas, atropelado a 2 de maio de 2018,
foi ainda conduzido a uma clinica veterinária especialista em cirurgias
complicadas, o Centro de Cirurgia Veterinário de Loures, mas infelizmente, não
resistiu e acabou por sucumbir no decorrer da operação. Este jovem lince fora
libertado na região de Mértola a 15 de fevereiro do mesmo ano, cerca de dois
meses e meio antes deste desfecho trágico, havia sido solto juntamente com Okami (uma das 3 crias nascidas do
emparelhamento entre Hechicera e Hocico) num local conhecido como zona
de Sapos. Olmo, tal como Okami, havia nascido no Centro de Cría
de Lince Ibérico de Zarza de Granadilla, em Cáceres, no dia 9 de março de 2017,
filho da fêmea Juno e do macho Jabugo, de uma ninhada de quatro crias
(três machos e uma fêmea: Olmo, Oso, Opio e Osadía). Uma
morte mais, agora duas semanas depois, de Niassa
ter igualmente perdido a vida para as estradas de Portugal.
Niassa,
e Olmo, em 2018, junta-se a Neco em 2017, a Kentaro em 2016 e a Hongo
em 2015. O ano de 2019, trás Mistral
a esta triste lista portuguesa. Apesar de puder parecer aos olhos de muitos, excessiva
esta analogia, não posso de deixar de relacionar a forte culpabilidade criminosa
do Homem e a morte destes magníficos Linces. De alguma forma, o meu tributo a
estes exemplares, será feito. Procurarei, algures numa oportunidade, que os
seus nomes sejam lembrados numa merecida evocação.
Hongo |
Mistral, como quase todos, após a libertação... rapidamente, desaparecem! |
A 29 de Agosto, o
programa recebeu mais um duro golpe. De uma forma que tenho dificuldade em
perceber, principalmente, sobre o papel das equipas que andam no terreno. Malva, uma fêmea de três anos, e a sua
filha Oriana de um ano, foram
encontradas afogadas numa charca de um regadio de olival, no qual caíram e não
conseguiram sair. Malva (de quem eu
já falara no artigo anterior) fora libertada no Vale do Guadiana a 19 de
fevereiro de 2016, e com o macho Mundo,
deu à luz duas ninhadas (4+4) nestas duas últimas temporadas reprodutoras
(2017/2018). Mundo, como referi no
artigo anterior, é oriundo do Parque de Doñana, em Espanha, e percorreu algumas
centenas de quilómetros até se fixar em Serpa, perto de Malva. Oriana fazia
parte da primeira ninhada. Perde-se assim, desta maneira (mesmo que as
entidades tenham considerado um infeliz incidente), um exemplar magnifico que
demonstrou uma capacidade de adaptabilidade extraordinária e uma mãe cuidadora
excelente. Esperemos, (pelo menos de acordo com os técnicos no terreno que
acompanham a situação) que as crias da última ninhada estejam autossuficientes
o bastante para sobreviverem sem a mãe. Mais uma vez, reafirmo, que é preciso
fazer mais e melhor, as equipas e o programa precisam de maior
multidisciplinariedade, assim como o envolvimento da estratégia de
especialistas das mais diferentes áreas que se possam entrosar neste programa;
mesmo depois da tragédia, rever e corrigir é sempre importante, como pretende o
ICNF… ao que parece os meios implementados (como rampas) não previram em
tamanho por parte do proprietário um repentino abaixamento das águas na dita
charca, fazendo com que a rampa se tornasse inacessível a qualquer fuga. As
equipas, o programa em si, as autoridades ou proprietários de terrenos,
precisam de estar mais atentos e totalmente sintonizados na interpretação do
meio ambiental existente, tal como, nas variações etológicas das espécies e dos
cenários das probabilidades de riscos. Nenhum projecto pode ter só uma
tipologia ou estrutura, os planos de contingência têm de ser múltiplos e
sujeitos a uma constante e permanente adaptabilidade ou ajustamento.
11 de outubro de 2018,
marca também com tristeza, um ano que considero o menos conseguido e afortunado
deste projecto, apesar do número de ninhadas e crias nascidas em liberdade. A
morte repentina de Calabacín,
acredito que tenha sido um triste golpe para todos os que estão envolvidos no
programa de reprodução da espécie; principalmente, para as equipas do CNRLI de
Silves, onde este exemplar passou os últimos anos. Calabacín foi capturado na natureza, e foi um dos primeiros linces
a integrar o programa português em 2010. Emparelhado com Era, fazia parte dos quatro casais que iniciaram o ciclo de
reprodução em Silves. Foi pai de 6 crias. A sua chegada ao CNRLI, veio na
sequência de algumas debilidades oculares que condicionavam a sua subsistência
em liberdade; uma lesão ocular tirou-lhe a visão total de um dos olhos e
deixando o outro igualmente afectado. Porém, esta limitação não o impediu de
contribuir para a preservação da espécie. Durante o incêndio da Serra de
Monchique no mês de agosto, e que que atingiu Silves e o CNRLI, obrigando à
evacuação de todos os linces, Calabacín,
foi um dos machos transferidos para o Centro de Reprodução de El Acebuche, no Parque
de Doñana, na Andaluzia. Ali permaneceu até ao fim, os outros regressaram a
Portugal; o motivo desconheço, mas os elementos que recolhi, indicavam que estava
sem qualquer problema de saúde e que não havia motivo que condicionasse o seu
regresso junto com os outros. Talvez, o facto de lhe ter sido diagnosticado
anteriormente, ser portador de epilepsia, tenha influenciado alguma decisão
para que a sua permanência naquele centro se tornasse efectiva (visto que esta é
por norma, uma patologia condicionante da sua continuidade nos programas de
reprodução, para evitar a transmissão de genes críticos). Infelizmente, a
madrugada do dia 11, trouxe o inesperado, e por volta das 5, 6 da madrugada, um
processo de convulsões contínuas levaram à sua morte. Foram quase 10 anos, em
cativeiro, integrado num programa de reprodução e de melhor conhecimento
biológico da espécie, e que provavelmente, como creio, contribuiu durante a sua
existência com um valor cientifico inexcedível.
Calabacín, um Lince extraordinário... |
Um nome que gostava, que
todos fixassem, que a maioria de nós recordasse, e que uma parte daqueles que
lutam pela preservação desta espécie evocassem nas suas intervenções… Marvel! Quem é Marvel, ou quem era Marvel?
Era um lince macho que fazia parte da população de Guadalmellato, em Córdoba.
Foi encontrado morto a três dias do final do ano de 2018, a 28 de dezembro,
dentro da zona onde fora libertado, numa área protegida. Tinha três anos,
nascido em 2015. Causa da morte: abatido a tiro, caça furtiva ou não, não sei,
mas é certo, que foi pelas mãos de um caçador, e a crueldade vem a seguir… a
necropsia revelou que a morte deste animal foi causada por 300 chumbos (volto a
referir: 300 chumbos) alojados no corpo. De pouco serve, a condenação à
posteriori ou a intenção de punição do culpado ou culpados por parte da
federação de caça da Andaluzia; a realidade é que na maioria das vezes, a caça
furtiva ou não, esteve e está por detrás da morte destas quase 2 dezenas de
linces nos últimos dois anos: 8 em 2017, e provavelmente 8 em 2018. Como diz e
bem a WWF, estes números são apenas os que conhecemos, devido à identificação
dos colares GPS, porque não é possível ter dados relativos a todos os que não
são monitorizados. Marvel, só foi possível
descobrir, porque foi morto com um colar GPS. Entre as tantas medidas e
preocupações ou fundamentos argumentados neste programa, é preciso de uma vez
por todas, proibir definitivamente, a actividade cinegética em áreas protegidas
ou reservas naturais, no mínimo. Senão, que sentido faz todo este investimento,
quando o homem não quer saber.
Opala, a beleza inquieta de um dos mais belos felinos do mundo |
A
história possível de Opala, uma
fêmea de Lince-Ibérico.
Infelizmente,
o caso de Opala, é também ela, uma história triste, pois pouco tempo teve para viver aquilo que merecia e tinha direito. Opala foi encontrada sem vida a 9 de
janeiro já deste ano de 2019, no Parque Nacional do Vale do Guadiana.
Desconhecendo-se ainda as causas da sua morte, porém, que já deveria ter
ocorrido há algum tempo, devido ao estado de decomposição do cadáver estar bastante
avançado, só tendo sido possível a sua descoberta através do sinal de rádio do
colar transmissor, a sua morte deverá ter-se dado ainda no inicio de dezembro
de 2018. Opala era uma jovem fêmea,
nascida no Centro de La Olivilla, em Jaén, na Andaluzia, a 13 de março, na
temporada de 2017; e tinha sido reintroduzida a 14 de março de 2018, no Vale do
Guadiana. Viveu cerca de 9 meses em liberdade, estava desaparecida há vária
meses, a última vez que tinha sido sinalizada ocorrera no final do verão,
durante o mês de setembro. Opala era
o 33º exemplar libertado em território nacional. Filha de Cynara e Fausto, numa
ninhada de 4 crias, uma delas não sobreviveu ao período critico perinatal. Aparentemente,
os seus irmãos tiveram melhor sorte no caminho que seguiram; Órbita foi solta em Matachel (Badajoz),
e Otero largado em Montes de Toledo
(Toledo). O que me fez eleger, este lince como subtítulo deste artigo, para
além da sua história, foi o seu olhar tocante nesta foto dentro da caixa
transportadora… a tensão, e a ansiedade que mostra, o receio instintivo de um
animal fechado que desconhece o seu destino.
A libertação de Opala em março de 2018 |
3 imagens de Cynara, nas duas primeiras com um mês, na última ainda na incubadora depois de rejeitada. |
Esperanza, com Crocho |
Crocho, com um coelho. |
Esperanza, uma das fêmeas mais mais importantes em todo este processo de recuperação da espécie |
Esperanza, morreu em 2014, com 13 anos, no Zoobotânico de Jerez, em Cádiz |
Aqui vemos Betis, com a ninhada onde se encontra Granza |
Vejamos
alguns dados estatísticos, estudos e pormenores deste programa…
Se
olharmos os estudos mais antigos, o Lince-ibérico começou a regredir nas suas
populações na península, já há mais de 50 anos, e de década para década, a
espécie foi decrescendo até ao ponto de um preocupante risco de extinção. Nos anos
30 e 40 do século XX, eram comercializadas mais de 500 peles de lince por ano.
Só entre 1954 e 1961, são abatidos cerca de 152 linces. No inicio dos anos 60 e
mesmo antes, a sua população estendia-se, apesar de fragmentada, por cerca de
11.000 km2, num efectivo que deveria rondar aproximadamente, 1200 indivíduos.
Com diversos núcleos espalhados pelo centro da península, cerca de 48 núcleos
pequenos agrupados em 9 populações isoladas. Estes grupos
situavam-se entre a Sierra de Gata, Sierra de San Pedro, Montes de Toledo, a
noroeste de Badajoz, Serra Morena e Doñana, eventualmente, na região dos
Pirinéus… e a Serra da Malcata e o Algarve (na região norte, tanto a barlavento
como a sotavento, passando pelo actual PN. do Vale do Guadiana). Ao longo das
décadas de 60 e 70, em consequência, principalmente, da caça furtiva, os
números vêm a decrescer ano após ano. Os alertas, sobre a sua a queda da sua
distribuição e a redução permanente dos núcleos conhecidos, são do domínio das
autoridades, dos responsáveis e dos técnicos e cientistas. Em 1966, são tomadas
as primeiras medidas de conservação, ao considerar a espécie como protegida.
Entre 1979/80, os núcleos conhecidos são agora apenas 6, incluindo ainda nessa
altura com a Malcata e o Algarve. Porém, mesmo já com esta constatação, numa
década, de 1978 a 1988, são registadas 356 mortes de linces, em Espanha. É por
isso, com esta falta de consciência, que chegámos ao triste número de 94
exemplares na Península Ibérica, em 2002/2003, uma população que teria apenas
cerca de 25 fêmeas reprodutoras. Em 1992, é capturado na Malcata, o último
exemplar conhecido em Portugal. Só se volta a ouvir falar da presença do Lince
em território nacional, com a passagem errante de Caribú, em 2009 (antes disso, fala-se apenas em vestígios isolados
ou avistamentos não comprovados); ano este, que coincide com a chegada do
primeiro lince ao novo Centro de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em
Silves. Quer dizer, no principio do século XXI, já não existiam linces em
Portugal há uma década, assim como, núcleos populacionais no território
espanhol, com a excepção da Andaluzia, onde as pequenas populações estavam
circunscritas a Doñana e a Andújar na província de Jaén.
A
medida drástica, mas bem pensada, foi capturar alguns desses animais, e
mantê-los em cativeiro, para a eventualidade da degradação populacional na
natureza chegasse ao ponto da extinção. Felizmente, que este plano evoluiu em
pouco tempo, para o projecto e programa da recuperação e reprodução ex-situ do
lince, com a finalidade a médio prazo da sua reintrodução na natureza.
Mel observa uma viatura de vigilantes |
Mel |
Hoje,
mais de 100 linces já nasceram no CNRLI. Deste sobreviveram 74, morreram 26
durante os 2 primeiros meses críticos. 63 exemplares foram reintroduzidos na
natureza, dos quais 11 na região do PN do vale do Guadiana. Em quatro anos e
até ao final de 2018, eram 33 os indivíduos introduzidos no território
português. Nasceram em liberdade, desde o inicio do processo de reintrodução em
dezembro de 2014 em Portugal, 5 crias em 2016, 11 em 2017, e pelo menos, 13
crias conhecidas em 2018, mas faltavam ainda verificar 4 ou 5 fêmeas
reprodutoras. Até ao momento, com os dados que há, contam-se 29 linces nascidos
na natureza, mas podem ser mais… desconheço, todavia, os dados relativos à
sobrevivência, no fundo, quantos destes exemplares chegam a adultos e onde
fixam os seus territórios. A única informação que tenho até ao momento, é que
uma destas crias não sobreviveu, mas nada sei sobre o caso ou sobre a que
ninhada pertencia.
Neves |
Numa
prespectiva global, desde a sua hipotética extinção no nosso território…
Portugal,
desde de 2010, já contou na natureza, com 29 crias de lince nascidas em
liberdade, 37 linces reintroduzidos, mais 4 linces errantes que já morreram
(eventualmente, pois de Kahn, nunca
consegui essa informação; sobre Kentaro,
Hongo e Caribú temos essa triste certeza) … quer dizer, que 70 linces já
cruzaram terras lusitanas desde que desapareceram em 1992.
A
temporada nos centros de reprodução de 2018, foi completada com estes números,
nos dados oficiais: 39 crias sobreviventes, das 49 que nasceram em todos os
centros, tanto em Espanha como no centro português. Destas, 8 nasceram em
Silves; infelizmente, duas morreram (pelo que me informei, uma devido às
consequências de um traumatismo provocado pelas lutas fratricidas entre as
crias; e uma outra devido a uma infecção orgânica). Os outros 8 casos mortais,
deram-se nos centros de reprodução espanhóis. Em Espanha, os resultados foram
repartidos pelo: Centro de Zarza de Granadilla (Cáceres) com 11 crias, seguiu-se
o Centro de La Olivilla (Jaén) com 10, e o Centro de El Acebuche (Huelva)
com 14, no Zoo-Botânico de Jerez de la Frontera (Cádiz) onde as duas crias que
ali nasceram em 2017, não conseguiram sobreviver, desta vez, conseguiram
produzir 3 crias.
Como
nota, relevante, e porque todos os elementos para perceber a complexidade
destes programas e projectos de recuperação de espécies… a estas crias nascidas
em cativeiro, há que juntar, uma, recuperada em abril de 2018 da natureza no
parque de Doñana e integrada no Centro de El Acebuche.
No
Centro de Cría de Zarza de Granadilla, estes dados tiveram de ser actualizados,
mais tarde. Das 11 crias nascidas, uma (do casal: Fárfara e Juncabalejo,
com 4 crias) acabou por morrer por asfixia com um osso atravessado na traqueia.
Contudo, esta triste notícia foi compensada, com um segundo cio da fêmea Hubara e Gazpacho, que permitiu mais uma fêmea gestante que não tinha tido
sucesso, e com este novo parto em meados de maio, nasceram mais 3 crias… que
elevou para 13 crias sobreviventes; ao todo 49 crias na temporada, sendo 10 as
que se perderam.
Estas
informações poderiam ainda ser mais precisas, se tivesse outros elementos, por
exemplo, sobre quantos são os machos e fêmeas sobreviventes desta temporada de
crias, para percebermos um pouco melhor a possibilidade de melhoramento da
sustentabilidade da espécie na natureza, incluindo, quantos, eventualmente,
ficarão nos centros para enriquecer a diversidade genética dessas populações em
cativeiro.
Na
natureza, os elementos que recolhi, mostram uma importante evolução na
adaptação de muitos dos linces reintroduzidos. Para termos uma ideia,
principalmente, na região mais dinâmica do mundo do lince-ibérico, a Andaluzia,
onde reside a maior população da espécie, em 2018, os dados provisórios à data,
davam nascidos no seu meio ambiente, 72 crias, e isto com 60% dos censos
populacionais por realizar. Contaram-se registadas, 32 ninhadas: em
Doñana-Aljarate, com 8 ninhadas e total de 18 crias; em Guarrizas, Jaén, 6
ninhadas com 19 crias; Andújar e Marmolejo com 8 ninhadas e 14 crias; em
Cardeña e Montoro revelou 5 ninhadas com 10 crias; e Guadalmellato com 7
ninhadas e 11 crias. Já nas montanhas da Serra Morena, foram identificadas e
contadas, 26 ninhadas com um total de 54 crias. Na Andaluzia, o número de
fêmeas territoriais, e com base ainda em dados de 2017, era de 109; quando em
2002, eram somente, 27 as fêmeas com potencial reprodutivo. A fêmea Granadilla (libertada na temporada de
2011), ficou com o registo da primeira ninhada detectada na Andaluzia, na
região do Vale de Guarrizas em Jaén, com 3 crias. A questão pertinente, é mais
saber qual a taxa e os números de linces que sobreviveram aos períodos críticos
(dos dois meses iniciais) e patológicos, e a esta data como vingou este
acréscimo populacional ou o reflexo que poderá ter tido em alguns casos de
dispersão.
Infelizmente,
alguns dos exemplares nascidos no centro de Silves, por razões genéticas ou
patologias condicionantes, não podem integrar o programa de reprodução ou de
reintroduções; são indivíduos que ficam, por norma, com uma função de
divulgação e promoção da espécie, alguns que já seguiram para jardins
zoológicos ou aguardam esse destino, ou permanecem em locais como cercados
especiais dos centros de reprodução com a finalidade de puderem ser observados
e visitados em acções educativas e de sensibilização. Outra lacuna, neste
trabalho, é a falta de informação sobre os novos casos detectados entre as
ninhadas de 2017 e os actuais nascimentos já em 2019, de manifestações de
epilepsia, e de quantos destes exemplares, poderão vir a ser retirados do
programa de reprodução.
A
taxa de sucesso, no que diz respeito a reintroduções, os responsáveis têm
estado apontar nos 72%, quando no inicio previam uma taxa de mortalidade dos
linces reintroduzidos na ordem dos 50%. Hoje, para ser mais exacto, é de 75,6%.
Isto com base, nos 33 animais libertados, (o valor percentual será diferente,
porque, actualmente, em 2019, já são 37) porque perderam-se até março de 2019,
e apenas pelos dados que possuo…
1
envenenado – Kayakweru /fêmea (2015);
1 doença felina/infecção bacteriana – Myrtilis
/fêmea (2016); 1 desaparecido (talvez morto/coleira GPS cortada) – Nara /fêmea (2017); 1 afogamento/acidente
– Malva /fêmea (2018); 3
atropelamento – Neco /macho (2017) /
Olmo /macho (2018) / Mistral /macho (2019); 1 causa ainda
desconhecida – Opala /fêmea (2018),
que na minha contabilidade é = 8 (5 fêmeas e 3 machos); todavia, são referidos
10, nas informações que pesquisei e nos estudos que recolhi. Penso que não
estejam a contar, com Oriana, a
filha de Malva, que morreu
igualmente afogada na mesma altura que a mãe, ou ainda outro caso que
desconheço (porque estes, não os tenho como introduzidos no seu ambiente).
Contudo,
estes números não são absolutos, pois, por aquilo que depreendi, desconhecem-se
o paradeiro ou não existem informação sobre, pelo menos, uma dezena de
exemplares.
Mundo |
Para
além, destes dados, provavelmente, deveremos acrescentar, Mundo e Nairobi (em 2017,
percorreu mais de 150 km entre Doñana e o PNVG) a estas contas (ambos vindos de
Doñana, e nascidos na natureza, se fixaram no Vale do Guadiana, para além de
uma pertinente curiosidade de apresentarem uma relação familiar, pois apesar de
temporadas de reprodução diferentes, são meios-irmãos).
Algumas imagens de Lítio, antes da sua captura |
Lítio |
Ouriço, depois da libertação |
Ouriço |
No dia da libertação de Ouriço e Odelouca, suponho que seja Ouriço |
Todos
estes elementos que tenho descrito neste artigo (tendo em conta, igualmente, o
artigo anterior), permitem-nos, perceber um pouco melhor a situação do
Lince-Ibérico na Península, e como a espécie está a evoluir, ou ainda o nível
de sucesso do Programa, seja nos centros de reprodução seja na natureza.
Em
Portugal, não sendo muito fácil e devido à limitação territorial do Vale do
Guadiana, crê-se que o ideal seria ter, no mínimo, cerca de 20 a 30 fêmeas
territoriais/reprodutoras; até meados de 2018, estes números sugeriam 10/11
fêmeas nestas circunstâncias, o que mostra que estamos longe desse objectivo,
ainda a 1/3 do necessário. Se não alargarmos a sua área territorial e criarmos
condições para utilizar habitats originais ou meio-ambientes próximos da
tipologia mediterrânica, não sei como poderemos alcançar uma população estável
no futuro, sem que aumentemos exponencialmente, os riscos de mortalidade, e
estejamos a sujeitar estes animais (e os próprios centros de reprodução) a
confrontarem-se com destinos trágicos.
Um
programa que será dotado, a partir deste ano de mais de meio milhão de euros,
para criar novos espaços (pelo 3) para albergar exemplares com problemas de
várias ordens no CNRLI. Que tem como objectivo, o número positivo de 50 fêmeas
reprodutoras estabilizadas nas suas áreas territoriais. Que pretende, encontrar
soluções, para que as diversas populações, dentro e fora, possam comunicar
entre elas. Preparar o projecto para que as áreas de distribuição sejam
alargadas a outros pontos, incluindo antigos territórios originais do lince.
Englobar pontes ou corredores naturais/ou não, entre os diversos núcleos
populacionais de vida selvagem, para garantir maior sustentabilidade e maior
diversidade genética/fluxos genéticos. E ainda, exigir que os meios
tecnológicos disponíveis ou futuros sejam mais efectivos no que diz respeito ao
acompanhamento e à monitorização dos indivíduos… é de uma exigência enorme,
quase utópica, se não tiver um programa bem estruturado, projectos
alternativos, estratégias de conservação de toda a biodiversidade
(principalmente no que respeita ao coelho-bravo), leis e medidas eficazes,
concertação de todas as entidades envolvidas sem que intervenham interesses
privados, e acima de tudo, é necessário enquadrar tudo isto numa articulação de
um planeamento global ibérico, que envolva todas estas condições descritas.
A
pergunta que um leigo (como eu) faz, é: existe um Centro Internacional
Operacional com uma comissão/coordenação ibérica permanente, com um coordenador
responsável máximo para a recuperação, conservação, preservação do
Lince-ibérico e do seu habitat? Não sei, desconheço. Sei apenas que existem
várias entidades envolvidas, e que a Life+Iberlince tem um director e é
responsável pelo programa “Recuperação da distribuição histórica do Lince
ibérico”.
Fandango |
O
que me leva a outra pergunta de um leigo (como eu): como é que a população e o
público em geral, podem ser envolvidos (porque é uma obrigação colectiva) e
sensibilizados para que: entenda, percecione e colabore para minimizar os
riscos de doenças, evitar os atropelamentos, controlar potenciais
envenenamentos, identificar os riscos por abate de armas de fogo, eliminar todo
o tipo de armadilhas ou ter maior conhecimento biológico e etológico de uma
espécie como o Lince? Se a informação não for amplamente divulgada e a
sensibilização não for nacional… é como, D.Quixote, continuamos na senda dos
moinhos de vento.
2018,
trouxe uma notícia da qual eu já dera conta na primeira parte deste trabalho, e
que pode ser crucial na divulgação e defesa desta espécie. El Acebuche, no
Parque de Doñana, tem hoje um novo espaço público de observação do
lince-ibérico no “seu meio ambiente”. Este recinto que estava desocupado, tem agora
como finalidade e mensagem principal, promover aquilo que poderemos apelidar de
um meio de educação ambiental por parte das entidades envolvidas, contudo, ao
que parece, é mais um espaço para colocar indivíduos que por alguma razão, já
não estão disponíveis para integrarem as parelhas de reprodução e desta forma,
podem ter um local condigno para viverem o resto do seu tempo de vida,
libertando igualmente, recintos funcionais para novos exemplares… e é natural,
que outros espaços idênticos venham a surgir. Todavia, será (esperemos) um
local privilegiado para conhecermos melhor a etologia ou a biologia deste
felino, ao mesmo tempo, que através da informação adequada ajude a divulgar a
história deste programa e de como pode ser obtido algum êxito num processo de
conservação de espécies ameaçadas. Por agora, este espaço, este Observatório, já
tem ocupantes; Eucalipto e Aura (de que já falámos) são o par
escolhido. Seja como for, sou completamente, a favor da oportunidade que dão a
estes exemplares, de puderem ter um local seguro, controlado, com os meios de
subsistência, para puderem viver, depois do percurso que tiveram. Defendo mais;
estes espaços deveriam existir em todos os centros, com todas as condições que
têm direito, permitindo ao mesmo tempo que as pessoas pudessem observar este
maravilhoso e magnifico felino num meio, mais ou menos, próximo do seu habitat.
Katmandú |
Jacarandá |
Jacarandá com a sua primeira cria Nossa |
Nossa, penso que filmada de noite... uma imagem magnífica! |
Azahar |
Emapelhamento de Azahar e Drago no CNRLI |
Aura |
No
Vale de Fuzeiros, na Herdade de Santinhas, em Silves, as medidas de protecção e
de minimizar o impacto de um fenómeno desta natureza no terreno em volta do
centro, tinham sido previstas para a contenção possível. O plano de
contingência estava, no mínimo, articulado. A experiência e a evidência das
catástrofes causadas pelos incêndios estão ainda bem presentes nas memórias de
todos os portugueses, e a única forma de evitar acontecimentos trágicos é a
prevenção e os planos de intervenção imediata. Inicialmente, foram
transportados em camiões do exército e da marinha, para uma escola local e
posteriormente, após o incêndio atingir as instalações, foram transferidos para
os Centros de El Acebuche, Granadilla, e Olivilla, em Espanha. Em Doñana foram
alojados 8, em Jáen, no centro de Olivilla ficaram 12, e em Zarza de
Granadilla, os restantes 9; houve ainda o cuidado da distribuição cuidada dos
respectivos casais, a daqueles que ainda cuidavam das suas ninhadas. É preciso
dizer, com base nos relatos dos responsáveis deste programa, que tudo foi feito
para que a operação e o acolhimento fossem o melhor possível perante a situação
de urgência. Após a intervenção de recuperação do centro e das instalações
danificadas e alguma requalificação da área envolvente, os linces começaram a
regressar a 4 de dezembro, e aos poucos foram de novo reintegrados nos recintos
adaptados. Apesar de já o ter referido anteriormente, fica aqui a ressalva:
todos, excepto um, Calabacín, que se
encontrava em El Acebuche, onde veio a falecer antes do regresso dos restantes
“companheiros”.
Lluvia durante o exame |
Uma das notícias em 2018, que vem a comprovar o excelente
trabalho e o profissionalismo dos responsáveis e das equipas envolvidas na
conservação da espécie, foi o processo de recaptura dos exemplares existentes
actualmente, na região de reintrodução do lince em Portugal. Este objectivo foi
delineado com o fim de monitorizar os exemplares e analisar a sua situação clínica.
Mesmo tendo em conta, que a medida está contemplada no acordo ou protocolo para
a reintrodução da espécie; é crucial este maneio para acompanhar devidamente, a
situação de cada espécime. As amostras, as análises clínicas, o estado físico de
cada animal, a colocação de colares emissores ou a reposição de pilhas naqueles
que podem de um momento para o outro deixar de funcionar, até mesmo, provavelmente,
a observação ginecológica das fêmeas e a recolha de ADN destes exemplares, são
fundamentais para o progresso da recuperação da população de linces no nosso
território. Pela informação que recolhi, os primeiros exemplares foram duas fêmeas;
Lluvia (que tinha sido reintroduzida
logo no primeiro ano de libertação, em 2015, e que fazia parte dos espécimes
dos quais se havia perdido o rasto, creio que durante cerca de 18 meses, porém,
já com duas gestações em liberdade e pelo que sei a última em 2018, com 4 crias)
e uma outra jovem fêmea, Pipa, que é
filha de Lluvia, nesta última
ninhada. Após esta intervenção, que durou algumas horas, e com o sucesso que se
esperava, os animais foram de novo libertados na sua região. Ao que parece,
esta operação, estava estimada para decorrer num período de mês e meio;
contudo, infelizmente, não sei qual foi o balanço final.
Pipa a ser observada |
O
ano costuma terminar com o emparelhamento dos casais para a nova temporada. Dos
28 casais selecionados, penso que 25 tiveram sucesso, um deles (entre Elipse e Norteño, no Centro de La Olivilla) parece que o emparelhamento não
foi conseguido. Estes casais estão distribuídos pelos centros: El Acebuche, 5;
Zarza de Granadilla, 5; La Olivilla, 7; Zoobotânico de Jerez, 1; Silves, 6. Em
2018, no Centro de Silves, ficaram prenhas Jabaluna
com Hermes, Era com Fado, Juromenha com Enebro, Kaída com Fresco, Biznaga com Drago, Artemisa (faz parte das fêmeas
emparelhadas, mas não tenho a certeza se ficou prenha) com Madagascar. Jabaluna,
que nasceu em 2012, em El Acebuche, é filha do macho Damán e de Boj (uma das
fêmeas referências deste programa desde 2005, falecida em 2017 devido a
insuficiência renal), nesta ninhada, Jabaluna
teve como irmãos Jabugo (pai de Olmo) e Juncabalejo; ambos estão no Centro de Reprodução em Zarza de
Granadilla. Juromenha (é a tal conhecida
fêmea, que em 2017, foi sujeita a uma inseminação artificial, algo que
aconteceu pela primeira vez nesta espécie, mas que se revelou por um insucesso).
Para esta temporada de 2018/2019, os técnicos que acompanham o programa
consideraram a tentativa do mesmo processo, para Flora e Juncia (com os
dadores: Fado e Jerte, respectivamente), contudo, a ser feito, é preciso aguardar
até ao fim da temporada (talvez, neste caso, mais algum tempo, porque poderá
não ocorrer dentro do período normal), e veremos se a ciência consegue intervir
também aqui, nesta batalha contra a extinção. De qualquer forma, de acordo com
a estimativas dos partos, até aos meados de abril, com 60 dias de gestação, já
deveremos ter resultado de todas as ninhadas nascidas.
Mas
também, este ano de 2019, já trouxe novidades à continuação da recuperação do
Lince-ibérico. Para além dos emparelhamentos conseguidos, e dos partos que já
ocorreram, a solta deste felino contínua.
Dois
irmãos, Pirata e Piperita (filho e filha de Brisa e Júpiter), nascidos na Andaluzia, em Doñana, no Centro de El
Acebuche, foram soltos no dia 18 de fevereiro, um sábado, na região de Mértola.
A 21 de fevereiro, foi a vez de Paprika
(nascida no CNRLI, em Silves, na última temporada, com cerca de 11 meses) e de Puntilla (vinda do Centro de Granadilla,
com a mesma idade, filha de Kolia e Helio), libertas na Herdade da Bombeira
(pela primeira vez neste local), perto de Mértola.
Em
Castilla-La Mancha estão previstos a libertação de 14 linces. Três machos e
quatro fêmeas, tanto na região dos Montes de Toledo, como na Serra Morena
Oriental. O macho Planeta, vindo do
Centro de La Olivilla em Jaén, e Pupila
vindo do Zoobotânico de Jerez de la Frontera em Cádiz foram os primeiros. Desde
2016, já nasceram 76 crias na natureza, e ao longo do programa foram
reintroduzidos, como estas duas, 72 linces, nestas regiões, dos quais, 17 são
fêmeas reprodutoras. Mas, algo de muito positivo, na gestão que o governo
autónomo de Castilla-La Mancha, tem feito na protecção e prevenção da espécie;
as passagens subterrâneas criadas parece que têm sido um êxito, pois desde as
suas construções, afirmam que com essas medidas não tiveram, até agora, nenhum
incidente fatal.
Uma
boa novidade, que é sempre fundamental, para deixar espectativas significativas
para o futuro, é o sucesso dos emparelhamentos e das parelhas conseguidas. Para
já, uma coisa parece certa, este ano foram conseguidas mais 3 do que em 2018;
esta temporada os casais são 26 (6 em Silves, 8 em La Olivilla, 1 no Zoo de
Jerez, 6 em El Acebuche, e 5 em Zarza de Granadilla). Enquanto em 2017,
ficaram-se por 23; tendo em conta, que destas, uma delas não deu qualquer
cópula (Janes e Junquilho / La Olivilla) e 3 não ficaram gestantes (Kaída e Enebro / Silves), (Brisa
e Júpiter / El Acebuche,
curiosamente, o mesmo casal o ano passado, 2018, teve uma ninhada de 3 crias),
e (Gitanilla e Fran / El Acebuche).
Alguns
dos partos já ocorridos, ficam também aqui relatados. E o primeiro deu-se com Madroña, (emparelhada com Juglans) em El Acebuche, Doñana, com o
nascimento de 3 crias no dia 23 de fevereiro, tal conforme estava prevista para
esta data. Narsil (com Júpiter), também teve um parto de 3
crias, no mesmo Centro, no dia 18 de março. Macadamia (com Damán)
estava igualmente, previsto, para o mesmo dia. Já em Zarza de Granadilla, foi
inaugurada a época, com Haima (junta
com Juncabalejo) e o nascimento de 4
crias. Até ao dia 12 de abril, estavam previstos, 25 dos partos normais. A
maior expectativa, está no resultado das inseminações de Flora e Juncia (nascida
em 2012 e que chegou ao CNRLI, em 2016 vinda de la Olivilla, é filha de Coscoja e Candiles, tem como irmãos, Juglans
em Silves, e Judia em Málaga, no
Parque Temático de Selwo Aventura de Estepona).
Kaída,
em Silves, é um dos casos a seguir, devido às suas experiências pouco sucedidas,
só o ano passado com Fresco,
conseguiu uma prole de 2 crias, onde apenas uma parece ter sobrevivido. De novo
com o mesmo macho, pode ser que o desfecho desta natalidade seja diferente. É
hoje, uma fêmea de seis anos, que nasceu em 2013, no Centro de Cría de La
Olivilla, Jaén; filha de Ceniza e Fandango. Infelizmente, da ninhada de 3
crias onde nasceu, apenas ela sobreviveu, e ainda teve que ser retirada,
acabando por ser adoptada entre a ninhada de 3 crias de Coscoja, sendo criada junto dos “futuros” irmãos Kot, Kochia e Koshka. Quando
cresceu, foi libertada em maio de 2014, na Andaluzia, em Guarrizas. Mas, ao que
parece, as coisas não correram bem, e para além de uma infecção numa pata,
também foi infestada por parasitas internos, tendo sido capturada, e de novo
levada para Olivilla. Perdeu neste processo algumas das capacidades fundamentais
para reintrodução na natureza, por isso entendeu-se que com estas condições não
era aconselhável a sua libertação num meio selvagem. Depois da sua recuperação,
foi transferida em 2015, para o CNRLI, em Silves, passando a integrar o
programa de reprodução, que de acordo com os técnicos, a sua biologia genética
poderia trazer uma importante mais-valia à diversidade de genes nos centros de
reprodução. Agora com Fresco (irmão
de Fresa, que também lhe faz
“companhia” em Silves), que é um macho experiente, já com quase 10 anos, pelo
menos nascido em 2009, em El Acebuche, e filho da famosa Saliega e do macho Almoradux;
foi pai de pelo menos 18 crias até 2018, e ao que parece, pelo menos, 12 delas
talvez já tenham espalhado os seus genes em liberdade, e… para mim, muito
especial, pois pelo que sei, foi pai de Kentaro
e Kahn.
As três crias de Castañuela e Hidrógeno na temporada de 2018 |
Castañuela, com a mãe Saliega e a irmã Camarina |
Saliega |
Brezo, Brezina e Brisa... ainda os três juntos. |
Saliega com Brezo e Briza, já depois de Brezina ter falecido |
Sabemos que no Centro de Zarza de Granadilla, o êxito já se deu com os partos de Haima (com uma ninhada de 4 crias), Kolia (com 2 crias) e Narina (também com 2), aguarda-se o desenrolar da gravidez de Juno e Fábula. Como vem sendo normal, a informação e os dados que vamos recolhendo, estudando e cruzando, nem sempre são congruentes. É o caso de Jarilla, na mesma notícia dava esta fêmea como numa evolução gestante, e pouco depois, que não tinha sido envolvida em qualquer emparelhamento.
Os
Montes de Toledo, com inicio da primavera, também foram contemplados, com a
primeira ninhada ocorrida em liberdade. Parece que Malvasía, uma fêmea que tem sido uma óptima reprodutora, que já vai
na terceira época de sucesso na natureza, teve 4 crias, no final de março. Em
2018, tinha tido duas crias.
Em
2018, na época passada, eram 12 as fêmeas reprodutoras nesta região. Para além,
Malvasía, também Mirabel, Nereida e Ninfa, tiveram
pelo menos, uma cria cada; talvez mais do que uma, à data não consegui
confirmar se houve outros avistamentos de crias destas fêmeas; assim como das
eventuais ninhadas por certificar de Lila
e Nenúfar. No que diz respeito, às
outras 6 fêmeas territoriais, não me foi possível saber informações.
O
mesmo calcula-se que se tenha verificado na Serra Morena Ocidental, na
província de Ciudad Real, onde das 5 fêmeas estabilizadas territorialmente, Minerva teve 4 crias, Mesta pelo segundo ano consecutivo com
3, tal como, Kiki foi mãe pela
terceira vez e desta vez apenas uma cria, ficando sem saber se Naira e Kiowa, confirmaram períodos gestantes.
O
mais importante, para quem é solidário com esta causa, para todos os que se
dedicam à conservação e preservação da natureza e acreditam na importância da
protecção à vida selvagem, hoje, graças ao Programa de Recuperação do
Lince-Ibérico e ao trabalho excepcional de todos aqueles que estão envolvidos
nesta batalha, a Península Ibérica, deverá contar (com base nos dados que
obtive, apesar de pouco específicos), com uma população aproximadamente, de 650
linces. Estes números apenas me deixaram uma dúvida: se os censos de 2017 davam
589 linces (448 destes encontravam-se na Andaluzia), com os censos de 2018
ainda por finalizar, mas aos quais se poderiam juntar nesta fase as 125 crias
nascidas o ano passado (das quais 72 na natureza, só na Andaluzia), levam-me
nestas contas ainda que cegas, a um número de 714 linces. Seja como for… o
valor sextuplicou, no mínimo. É extraordinário, para aquele que era considerado
o felino mais ameaçado do mundo, mesmo sabendo-se que o trabalho está longe de
terminar. Graças a este trabalho bem-sucedido, o Lince-ibérico, na óptica da
IUCN, não está mais na condição de CR – Em Perigo Critico, tendo o seu estatuto
de risco sido reduzido em 2015 para EN – Em Perigo, mas parece-me claro que,
tão cedo, não chegará ao nível de espécie VU – Vulnerável.
Os
portugueses devem estar agradecidos, a todos os que muito têm trabalhado para
salvar a mais importante espécie da nossa fauna nacional, sem qualquer
desconsideração por todos as outras, incluindo o Lobo-ibérico. Mas, na
realidade, devemos imenso a quem procura lutar pela não extinção do Lince na
nossa natureza, preservando um dos maiores patrimónios naturais lusitanos. Sem qualquer menosprezo por tantas pessoas que se encontram envolvidas neste projecto, gostaria de deixar aqui apenas duas referências que merecem (no meu modesto entender) ter o nome associado ao tempo que tenho dedicado a esta espécie que me é tão especial e como gratidão de todos os exemplares de linces que consegui referir ao longo destes dois artigos: o Dr. Miguel Ángel Simón, coordenador do Programa Ibérico de Conservação do Lince-Ibérico, e ao Dr. Rodrigo Serra, responsável pelo Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico/CNRLI, em Silves.
Libertação de Macela |
Libertação de Moreira |
O
Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), junto com todas
entidades colectivas e particulares que têm dado o seu contributo, devem
agradecer, acima e mais do que tudo, a: Azahar,
Gamma, Espiga, Erica, Damán, Foco, Biznaga, Fado, Flora, Fresco, Fruta, Drago, Fresa, Eón, Era, Fauno, Artemisa, Calabacín, Enebro, Juromenha, Jabugo, Jabaluna, Junquinha, Kaída, Jerte, Hermes, Madagascar, Juncia…
entre outros, de certeza, e que por uma razão ou outra não me foi possível
indicar, mas são todos eles os mais directos e os maiores responsáveis, por o
Lince-Ibérico ter voltado a passear na magnifica e maravilhosa paisagem natural
portuguesa, e nestes casos concretos, porque, estes animais para evitar a
provável extinção deste felino na natureza, foram forçados abdicar da sua liberdade
e a viver em centros de reprodução. Mas, também Kentaro, Kahn, Lítio, Niassa, Odelouca, Ouriço, Jacarandá, Katmandú, Nossa, Noudar, Luso, Lagunilla, Liberdade, Mel, Macela, Mesquita, Mistral, Malva, Mirandilla, Moreira, Lluvia, Loro, Kempo, Monfrague, Mundo, Nara, Hongo, Neco, Nairobi, Olmo,
Opala, Okami, Oregão, Oriana, Nógado, Navarro, Neblina, Nuvem, Neves, Nerium, Pipa… também, entre outros, que por
lapso ou desconhecimento não referenciei, mas que em terras lusitanas, em
liberdade, ajudaram a uma importante sensibilização da espécie, permitindo assim
que o Lince pudesse ser de novo divulgado, e voltasse a encontrar o seu pequeno
espaço entre a nossa fauna selvagem e naquilo que é o… Património Vivo Natural
Ibérico.
Nota final: Este trabalho pretende unicamente, ser uma homenagem a todos os linces que lutam por preservar a espécie, que ainda se encontra em perigo de extinção. Todas as fotos que aqui se encontram não consegui saber os seus autores... se por alguma razão discordarem da sua utilização ou se sentirem lesados no seu uso, agradeço que me informem, pois serão de imediato retiradas, respeito por demais o direito de autor; se o fiz foi sem qualquer intenção de prejudicar quem quer seja, apenas procurei enaltecer, de alguma forma, estes Maravilhosos Animais.
Nota final: Este trabalho pretende unicamente, ser uma homenagem a todos os linces que lutam por preservar a espécie, que ainda se encontra em perigo de extinção. Todas as fotos que aqui se encontram não consegui saber os seus autores... se por alguma razão discordarem da sua utilização ou se sentirem lesados no seu uso, agradeço que me informem, pois serão de imediato retiradas, respeito por demais o direito de autor; se o fiz foi sem qualquer intenção de prejudicar quem quer seja, apenas procurei enaltecer, de alguma forma, estes Maravilhosos Animais.
Temporada de 2018
Num balanço final: ficam aqui três quadros muito recentes que ilustram bem, a situação actual dos dados mais relevantes deste projecto "Life Iberlince"...
que artigo fantástico! um bem haja ao autor!
ResponderEliminarAgradeço sinceramente, as palavras, Hugo Catarino! Fi-lo apenas pela paixão que tenho pela vida animal, e pela dedicação à vida selvagem, onde o Lince se elegeu, ele próprio dentro de mim...
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